Capítulo 2

Rahmi

A música era alta demais, misturando-se ao barulho da rua, às conversas da calçada e ao trânsito. E como se isso não fosse suficiente, um outro bar ao lado tocava música ao vivo, criando uma cacofonia insuportável.

— Isso aqui é pior do que lá fora. Que inferno! — resmunguei, cruzando os braços.

Roberto riu, divertido.

— Você tá pior que um velho rabugento. Vou buscar uma bebida pra você relaxar.

Lancei-lhe um olhar descrente.

— Você gosta de barulho, mas sei que nem curte esse lugar. Tá aqui só por causa da sua noiva.

Ele me mostrou o dedo do meio antes de rir.

— Vai se ferrar! Quer o de sempre?

— Uísque duplo. Sem gelo. — Suspirei.

Enquanto ele se afastava, chequei o relógio. Ainda era cedo, mas o bar já estava abarrotado. O calor grudava na pele, e para piorar, tocava samba.

Definitivamente, esse não era meu tipo de ambiente.

Ou pelo menos era o que eu achava, até que meus olhos pousaram nela.

Uma mulher negra, alta e deslumbrante, dançava no meio da pista, completamente alheia ao caos ao seu redor.

Ela era simplesmente perfeita.

Seus lábios carnudos se curvavam em um sorriso hipnotizante enquanto seu corpo se movia com uma sensualidade natural, envolvente. A pele brilhava sob a luz difusa do bar, realçando suas curvas bem definidas.

A cintura fina se acentuava ainda mais conforme ela girava, e o vestido colado realçava suas coxas grossas, o quadril desenhado e o bumbum arrebitado exatamente como eu gosto.

E para completar, seus cabelos lisos e sedosos desciam até a cintura, um contraste perfeito com sua pele.

Porra.

Ela era a mulher mais linda que eu já vi.

O mundo ao meu redor silenciou. Não havia mais barulho, música ou gente se esbarrando. Apenas ela.

Cada movimento de quadril me fazia prender a respiração.

Cada sorriso me fazia querer avançar e dizer algo, qualquer coisa, só para ver se a voz dela era tão viciante quanto sua dança.

Olhei ao redor.

Os outros homens também estavam olhando. Como não olhariam?

A questão era: será que eu vou deixar algum deles chegar primeiro?

A resposta veio imediatamente.

Não.

E se dependesse de mim, essa mulher sairia daqui comigo esta noite.

Meus olhos estavam fixos nela.

Era impossível não olhar.

Havia algo na forma como se movia, no jeito que sua pele brilhava sob as luzes do bar, na confiança que exalava a cada giro. Seus quadris largos e seu corpo esbelto formavam a combinação perfeita, uma harmonia de curvas que desafiava qualquer lógica.

Ela era exatamente do tamanho certo para mim alta, com cerca de 1,73m, o que tornaria um beijo inevitável… e sem esforço.

Que droga.

Desde quando comecei a me referir a uma mulher assim?

Suspirei, balançando a cabeça, tentando afastar os pensamentos que começavam a tomar conta da minha mente. O barulho, o calor, as pessoas ao redor nada mais fazia sentido. Eu estava hipnotizado, preso na ideia de tê-la em minhas mãos.

Roberto apareceu no momento certo, trazendo meu uísque.

— Para quem você está olhando tanto? — Ele seguiu meu olhar e riu ao ver as mulheres dançando. — Parece que vai devorar alguém.

— Apenas admirando a mulher mais linda desse lugar.

— Espero que não esteja falando da minha noiva. — Ele arqueou a sobrancelha. — Camila está de calça vermelha e blusa branca.

Revirei os olhos.

— Por um momento, pensei que fosse o noivo da minha delícia.

Roberto riu, mas eu continuei observando a pista.

— Você deve confiar muito na sua noiva para deixá-la dançar desse jeito.

Ele deu um gole na bebida antes de responder.

— Para um relacionamento funcionar, tem que ser a dois, meu amigo. Então, sim, confio nela.

Ele fez uma pausa, depois apontou o copo para mim.

— Mas se tentar alguma coisa com ela, se considere um homem morto.

Sorri, divertido.

— Relaxa, não é ela que me interessa.

Roberto estreitou os olhos.

— Então quem?

Limpei a garganta, sabendo que ele entenderia exatamente do que eu estava falando.

— A amiga dela.

Ele me lançou um olhar cínico e riu.

— Nunca te vi com uma mulher negra antes. Só pode estar falando da Rebeca.

O nome combinava com ela forte, marcante.

— Exatamente. Ela é a mulher mais atraente que vi hoje.

Roberto soltou um suspiro teatral.

— Aquela ali parece mais seu tipo — ele apontou para uma loira que nos observava de longe.

— Definitivamente não.

Meu olhar voltou para Rebeca, e um desejo ainda mais intenso cresceu dentro de mim.

— Por que diabos você nunca mencionou que tinha uma amiga assim?

— Porque eu não fico apresentando as amigas da minha noiva, ainda mais a melhor amiga dela.

— Ironia, não acha? Eu quase desisti de vir por causa do barulho. Agora agradeço por estar aqui.

Roberto riu, mas logo sua expressão ficou séria.

— Esquece essa ideia, Rahmi. Ela não é para você.

— Desde quando você dita minhas regras?

— Desde que sei que seus pais jamais aceitariam você se envolvendo com uma mulher negra. Eles são preconceituosos até com roupas, quanto mais com cor de pele.

Senti uma pontada de irritação.

— Eu não sou meus pais.

— Mas sabe que, para eles, casamento é negócio, tradição. Você não pode simplesmente…

— Eu disse que morreria feliz por essa mulher.

Ele arregalou os olhos.

— Você tá ficando maluco?

Não respondi. Apenas continuei olhando para ela, completamente ciente de que já tinha tomado minha decisão.

— Olha só — ele tentou mudar de assunto. — Aquela mulher de vestido cinza e olhos verdes está te devorando com os olhos.

— Não me interessa.

— Você tá realmente fissurado na Rebeca?

— Totalmente.

Ele suspirou, frustrado.

— Ela não é qualquer uma, Rahmi.

— Eu também não sou.

— Você vai embora no domingo. Esquece isso.

— Meu voo não tem nada a ver com o que eu quero esta noite.

Roberto esfregou o rosto, exasperado.

— Se você não me apresentar a ela, vou contar para a Camila tudo o que você fez em Istambul.

Ele ficou tenso.

— Você não teria coragem.

— Testa pra ver.

Seu maxilar travou. Por um instante, achei que ele fosse me mandar para o inferno. Mas então, ele levantou as mãos em rendição.

— Você ganhou.

Fez um gesto para as mulheres, que pararam de dançar e começaram a caminhar em nossa direção.

Meu coração bateu mais forte.

Hora do jogo começar.

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