Érico
A pensão da dona Beatriz era simples. Só tinha seis quitinetes, e quatro estavam ocupadas. A minha, que eu tinha acabado de alugar pra mim e pra Enya; outra com um senhor de meia-idade; uma com um rapaz que, segundo ela, estudava na universidade ali perto; e a última, com uma moça morena, de sotaque nordestino, que parecia ser uma ótima pessoa, mas vivia de olhar baixo e triste.
O nome dela era Maria Eduarda. Contou que estava procurando um emprego decente, porque desde que chegou na cidade, só apareceu oportunidade furada. Não entrou em detalhes… e eu também não quis saber.
Na hora de assinar o contrato, o olhar da dona Beatriz mudou assim que leu meu nome.
— Monteverde?
Fiquei sem graça. Isso, infelizmente, ia me perseguir pelo resto da vida. Tentei quebrar o clima.
— Nem toda fruta da cesta tá estragada, dona Beatriz.
Ela pareceu relaxar.
— Nada, meu filho… eu nem conheço ele. Só sei que teve aquele escândalo nacional… o figurão lá… ele é o quê seu?
— Achei a vida toda que er