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Capítulo 2 - Uma entrevista na mira da arma

— Babá? — Aeron repetiu a palavra como se fosse um insulto.

O cano da 9mm continuou pressionado contra a testa de Jinx, frio e implacável.

— Você invade minha casa, burla um sistema de segurança militar vestida como uma terrorista e espera que eu acredite que veio trocar fraldas?

Jinx sentiu o suor escorrer pelas costas, encharcando o traje tático sob o kevlar. A pequena Luna ainda soluçava contra sua perna, usando o tecido grosso da calça de Jinx como escudo contra o próprio pai.

Na orelha direita de Jinx, um zumbido estático surgiu. A voz de Bit, seu hacker e olhos no céu, explodiu em seu ponto eletrônico, urgente e rápida.

Jinx, não reage! Eu acessei o cronograma de serviço da casa. O sistema da portaria está alertando "Atraso de Funcionário" há duas horas. A agência 'Elite Nanny' deveria ter mandado uma substituta chamada Sarah Jenkins às 22h. Ela nunca deu baixa na entrada.

A informação foi como oxigênio puro para um cérebro morrendo asfixiado. Jinx agarrou aquele dado com todas as forças.

— É roupa de motociclismo — mentiu Jinx, a voz trêmula, mas mentalmente agradecendo a Bit. — Minha moto pifou a três quadras daqui por causa dessa tempestade maldita. A agência ligou informando que era uma emergência... que a babá anterior tinha faltado. Eu não tive tempo de vestir aquele uniforme ridículo de algodão doce!

Aeron estreitou os olhos. Ele a escaneava como um laser, procurando falhas na história. A barba por fazer no rosto dele dava um ar perigoso, e as olheiras profundas denunciavam um homem que não dormia há dias.

— A agência nunca mandou funcionárias sem crachá. E muito menos mandou que entrassem pela janela.

— A porta estava trancada e o interfone, mudo! — Jinx retrucou, apontando para a menina agarrada a ela. — E agradeça aos céus pela minha falta de educação, Sr. Vale. Sua filha estava roxa. Se eu tivesse esperado lá fora tocando a campainha, o senhor estaria segurando um cadáver agora, não uma arma.

As palavras foram um soco no estômago de Aeron. Ele empalideceu, o olhar desviando da invasora para Luna. A garotinha agora respirava melhor, o peito subindo e descendo num ritmo saudável, mas ainda se escondia atrás de Jinx.

Jinx, cuidado — Bit alertou no ouvido dela. — Os batimentos dele estão erráticos. Ele está instável.

A muralha de gelo de Aeron rachou por um segundo, mas voltou a se fechar rapidamente.

— Vamos ver se essa história se sustenta — disse ele, a voz áspera como lixa.

Ele tirou o celular do bolso do pijama com a mão livre, sem nunca desviar a arma do rosto de Jinx.

— Vou ligar para a diretora da agência. Se ela não confirmar seu nome em dez segundos... você vai sair daqui em um saco preto.

O coração de Jinx falhou uma batida. Se aquela ligação completasse para a agência real, a mentira cairia.

Estou dentro — Bit sussurrou, o som de teclas frenéticas ao fundo. — Vou interceptar a chamada. Deixa comigo.

Aeron discou. O dedo dele pairou sobre o botão de chamar.

— Mãos onde eu possa ver! — ele rugiu quando Jinx moveu o braço sutilmente para ajeitar o cabelo (e cobrir melhor o ponto eletrônico).

— Só estou nervosa, caramba! — Jinx gritou, fingindo histeria.

O celular de Aeron tocou no viva-voz.

Tuuu... Tuuu...

Jinx prendeu a respiração. O silêncio no quarto era ensurdecedor.

Agência Elite Nanny, plantão de emergência — uma voz feminina, calma e profissional, preencheu o quarto.

Era o modificador de voz de Bit. Perfeito. Sem falhas.

— Aqui é Aeron Vale — disse o CEO, a voz cortante. — Vocês enviaram uma babá chamada Sarah para minha casa agora? De madrugada?

Houve uma pausa do outro lado. Bit estava improvisando, usando o que tinha ouvido pelo microfone de Jinx nos últimos minutos.

Sim, Sr. Vale. Sarah Jenkins. Pedimos desculpas pelo traje inadequado, mas foi uma convocação de crise. — A "diretora" fez uma pausa dramática. — O senhor sabe que a pequena Luna tem histórico de crises respiratórias noturnas. A Srta. Jenkins não é uma babá comum, ela é nossa especialista em primeiros socorros pediátricos e gestão de trauma. O sistema da casa indicou alteração nos sinais vitais da criança, por isso a enviamos com prioridade máxima.

Aeron olhou para Jinx. A confusão franziu a testa dele, destacando aquela cicatriz acima da sobrancelha.

A história batia. A habilidade médica que ela usou para desengasgar Luna batia com a descrição de uma especialista em trauma.

— Ela está aqui — Aeron disse, contrariado, baixando a arma lentamente até travá-la. — Mas entrou pela janela.

Ah... Sarah é muito dedicada — a voz no telefone respondeu com uma ironia suave. — Às vezes, dedicada demais.

Aeron desligou a chamada. O perigo de morte imediata passou, mas a tensão física permaneceu.

Consegui alterar a ficha dela no servidor da agência agora — Bit confirmou no ouvido de Jinx, soando exausto. — Você é oficialmente Sarah Jenkins nos últimos cinco minutos. Não me agradeça.

Aeron guardou o celular, mas não guardou a desconfiança.

— Tudo bem. Você é a babá. Mas isso não explica por que minha filha, que grita se qualquer estranho chega a dois metros dela, está agora grudada em você.

Aeron se agachou, ficando na altura dos olhos da filha. Ele estendeu a mão grande e cheia de calos para a menina.

— Luna? — chamou suavemente, a voz mudando da água para o vinho. — Vem com o papai, querida. A Sarah precisa ir se trocar.

Luna olhou para a mão do pai. Depois olhou para cima, para o rosto de Jinx.

A menina soltou uma das mãos da perna de Jinx, pegou seu coelho de pelúcia encardido que estava no chão e o estendeu para cima. Não para o pai. Para Jinx.

Aeron travou. Jinx viu a mandíbula dele tensionar, um músculo saltando na bochecha.

— Ela... ela nunca empresta o Sr. Orelhas para ninguém — Aeron sussurrou, a voz carregada de uma mágoa profunda que fez Jinx sentir uma pontada rara de culpa. — Nem para mim.

Jinx pegou o coelho. Ela estava manipulando a carência de uma criança e a dor de um pai para encobrir um crime de bilhões, mas não podia recuar agora.

— Crianças sentem quem as salvou, Sr. Vale — Jinx disse, suave. — É instinto de sobrevivência. Vai passar.

Aeron se levantou. Ele parecia exausto e perigosamente atraente naquela vulnerabilidade momentânea. Ele olhou Jinx de cima a baixo, demorando nos lábios dela, depois subindo para os olhos, analisando o rosto cheio de sardas que parecia inocente demais para o traje tático que vestia.

— Você fica — decidiu abruptamente. — Período de experiência de uma semana.

— Ótimo — Jinx forçou um sorriso profissional, embora suas pernas estivessem tremendo. — Vou pegar minha mochila e...

— Não.

Aeron foi rápido como um ataque de cobra. Antes que Jinx pudesse reagir, ele se abaixou e agarrou a alça da mochila tática dela no chão.

O sangue de Jinx foi drenado de seu rosto. Dentro daquela mochila não havia apenas roupas. Havia decodificadores militares, explosivos plásticos C4 em miniatura e gazuas de titânio. Se ele a abrisse, a farsa acabava.

— Sr. Vale, isso é pessoal... — ela começou, dando um passo à frente, os músculos do corpo reagindo para o combate. Ela teria que derrubá-lo.

Aeron ergueu uma mão, parando-a. O olhar dele voltou a ser o do CEO paranoico.

— Eu não confio em você, "Sarah". Você invadiu minha casa. Até eu ter certeza absoluta de quem você é, seus pertences ficam sob minha custódia.

Ele jogou a mochila sobre o ombro largo. O som metálico das ferramentas lá dentro fez o estômago de Jinx revirar.

— Vou guardar isso no meu cofre pessoal — Aeron disse. Um sorriso de canto apareceu, cruel e dominante. — Se você é apenas uma babá, não vai se importar de ficar sem suas coisas de "motocross" por uma noite, certo?

Jinx cerrou os punhos ao lado do corpo, escondendo a raiva. Ele estava levando as ferramentas necessárias para abrir o cofre... para dentro do próprio cofre.

— Claro que não, Sr. Vale — ela respondeu com um sorriso doce que mascarava a vontade de chutá-lo na garganta.

Aeron assentiu e saiu do quarto, levando a mochila e a liberdade dela.

Jinx olhou para a porta fechada, depois para a menina que a observava com adoração.

— Merda — ela sussurrou para o coelho de pelúcia. — Agora eu sou a refém.

[FIM DO CAPÍTULO]

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Curiosidade: O Aeron tem essa barba por fazer não por estilo, mas porque trabalha 20 horas por dia no código de segurança. O homem é uma máquina (uma máquina muito sexy, convenhamos rs).

Nota da autora: A Jinx tem mais sorte que juízo! O Bit salvou a pele dela no último segundo, mas vocês viram o olhar do Aeron? Ele é um predador; ele sabe que tem algo podre nessa história. 👀

Vocês acham que ele engoliu a desculpa da "agência de emergência" ou está apenas mantendo os inimigos por perto para vigiar?

Deixem um 🕵️‍♀️ se acham que ele já sacou tudo!

Não esqueçam de votar no capítulo! O próximo jantar vai ser um campo minado e a nossa ladra vai ter que suar frio. Até lá!

Ravenna V.

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