Inicio / Romance / O Segredo da Nova Babá do CEO / Capítulo 3 - Um jantar dos infernos
Capítulo 3 - Um jantar dos infernos

Jinx encarou seu reflexo no espelho do banheiro de hóspedes e a vontade de socar o vidro foi visceral.

Sem sua mochila tática, ela estava refém da governanta, a Sra. Potts — uma mulher com cara de buldogue que a olhava como se ela fosse uma praga bíblica. A velha lhe entregou uma caixa de roupas marcada como "Doação da Sra. Vale". O resultado foi uma catástrofe.

Jinx, a ladra que já invadiu o Louvre usando alta costura, agora vestia um vestido floral amarelo com babados excessivos que cheirava a naftalina e depressão. O tecido repuxava no busto e sobrava na cintura.

— Isso é um crime contra a moda — resmungou, ajeitando os óculos de grau falsos sobre o nariz sardento. — Se o cartel me vir assim, minha reputação vai pro lixo.

Ela respirou fundo, forçando o batimento cardíaco a desacelerar. Foco, Jinx. O plano era simples: sobreviver ao jantar, localizar o cartão de acesso do cofre (que Aeron certamente mantinha no corpo) e recuperar a mochila. Sem as gazuas de titânio trancadas lá dentro, ela era inútil.

Quando entrou na sala de jantar, o silêncio parecia uma entidade pesada vagando pelo ambiente.

Aeron estava na cabeceira da mesa de mogno, parecendo um imperador entediado e perigoso. Ele vestia uma camisa social branca, os primeiros botões abertos e as mangas dobradas até os cotovelos, expondo antebraços cobertos por uma leve penugem escura e veias que pareciam mapas de estradas.

Ao lado dele, Luna desenhava animada num caderno. Seu prato de comida, intocado.

Aeron levantou os olhos. Sua taça de vinho parou no meio do caminho quando viu Jinx. Ele engasgou com o álcool, tossindo discretamente, e passou a mão pelo queixo mal barbeado para esconder o choque.

— Escolha... interessante de vestuário — ele comentou, a voz pingando ironia. — Muito primaveril.

Jinx sentiu o rosto queimar.

— Era o que tinha na caixa, Sr. Vale — respondeu com a voz doce de "Sarah", puxando a cadeira ao lado de Luna. — A moda não é minha prioridade. Cuidar da sua filha é.

Aeron estreitou os olhos. Ele odiava quando ela usava a filha como escudo.

— Sente-se.

O jantar mais parecia um teste de resistência. Jinx cortava o filé mignon — que custava mais que seu antigo aluguel — mas seus olhos afiados mapeavam o corpo do alvo.

Ele não usava paletó, o que era ótimo. Observou mais um pouco, e percebeu como o tecido da calça social se esticava na coxa direita quando ele se movia. Foi então que ela notou um contorno retangular no bolso da frente.

Bingo. Era o cartão magnético. A chave para o escritório. A chave para sua mochila recheada de explosivos.

— Luna não comeu nada — Jinx falou, incapaz de aguentar o silêncio.

— Ela nunca come com estranhos — Aeron respondeu sem olhar, cortando a carne com precisão cirúrgica. — É teimosa como a mãe.

Jinx olhou para o prato da menina. Ervilhas e purê. Que tipo de psicopata serve isso para uma criança de quatro anos?

— Talvez ela precise de incentivo.

Jinx pegou o garfo de Luna. Rápida, ela reorganizou as ervilhas e o purê até formarem uma carinha sorridente tosca no prato.

Luna parou de desenhar. Olhou para a comida, e um sorriso minúsculo surgiu no canto da boca dela. Ela pegou o garfo e comeu uma das ervilhas que formavam o "olho".

Aeron parou de mastigar. Ele encarou aquela cena e sua cicatriz na sobrancelha franziu. Havia algo doloroso no olhar dele. Parecia ciúmes misturado com alívio.

— Você tem jeito com ela — admitiu a contragosto. — A última babá saiu chorando em duas horas.

— Sou mais resistente do que pareço, Sr. Vale. Já lidei com... situações piores que crianças birrentas.

— Veremos.

Aeron fez menção de levantar para pegar a garrafa de vinho no aparador atrás dele.

— Deixe que eu sirvo. — Jinx levantou num pulo. Era a chance. A "tática do esbarrão".

Ela pegou a garrafa e caminhou até ele. O cheiro dele a atingiu como um soco — sândalo, chuva e testosterona bruta. Era um cheiro que fazia o cérebro lógico dela desligar por um segundo.

Ela se inclinou para servi-lo.

— Mais um pouco, senhor?

Enquanto a mão direita servia o vinho tinto, a esquerda "escorregou" suavemente em direção à coxa dele, visando o bolso. Dedos leves como plumas. Ela sentiu a borda rígida do cartão. Peguei você.

De repente, uma mão quente e enorme fechou em volta do pulso dela. Como uma algema de carne e osso.

O vinho respingou na toalha branca como sangue arterial.

Jinx travou.

Aeron não olhava para a taça. Ele olhava nos olhos dela, a centímetros de distância. A pupila dele estava dilatada. A mão dele apertava o pulso dela com força suficiente para deixar marcas, o polegar pressionando o ponto da pulsação acelerada dela.

A tensão na sala mudou de "estranha" para "elétrica".

Aeron puxou a mão dela para cima, virando a palma para a luz do lustre de cristal. Ele passou o polegar calejado sobre a base dos dedos de Jinx. A pele ali era grossa, calejada pelo atrito de cordas de rapel, gatilhos de pistola e manuseio de lâminas.

— Mãos curiosas para uma babá, Sarah — Aeron sussurrou, a voz vibrando baixa e perigosa. — E esses calos... não são de segurar giz de cera. São de quem segura coisas pesadas. Ou perigosas.

Ele ergueu o olhar, perfurando a alma dela.

— O que exatamente você fazia antes de cuidar de crianças?

Jinx sabia que ele estava procurando qualquer falha nela. Seu coração batia na garganta, mas ela não recuou. Em vez disso, inclinou-se ainda mais, invadindo o espaço pessoal dele.

— O senhor ficaria surpreso, Sr. Vale — ela respondeu, mantendo o contato visual desafiador. — Carregar crianças exige força. E eu pratico escalada indoor para desestressar. É um hobby um pouco bruto para uma dama, eu sei.

Aeron não a soltou. O polegar dele traçou a linha da veia no pulso dela. O toque era possessivo, investigativo e absurdamente quente.

— Escalada — ele repetiu, testando a mentira como quem testa uma nota falsa. — Isso explica a força. Mas não explica a audácia de tentar tocar no meu bolso.

— Eu ia pegar o guardanapo que caiu — Jinx mentiu sem piscar, a respiração misturando-se com a dele. — O senhor é muito tenso.

O ar entre eles crepitava. Aeron parecia prestes a dizer algo — ou fazer algo imprudente, como beijá-la ou estrangulá-la — quando...

CRACK. 

O som de cera quebrando estalou no ar.

Ambos olharam para o lado. Luna havia partido seu giz vermelho ao meio com sua força. Ela olhava para o pai e a babá com os olhos arregalados, alternando o olhar entre as mãos unidas deles.

Aeron soltou o pulso de Jinx como se tivesse levado um choque. Ele pigarreou, fechando o botão do colarinho e recompondo sua máscara fria.

— O jantar acabou — anunciou, levantando-se bruscamente. — Leve Luna para a cama. O quarto dela é sua cela... digo, seu local de trabalho.

Jinx esfregou o pulso onde a pele ainda formigava pelo toque dele.

— E Sarah?

Ela parou na porta, com Luna no colo.

— Sim?

— Não tente sair de casa à noite. Os sensores de movimento do terraço ativam os cães robóticos. — Aeron abriu um sorriso sem humor, cruel. — São protótipos militares que criei. Eles não mordem, Sarah. Eles disparam 50 mil volts antes que você consiga gritar por socorro. E eles não têm botão manual de desligar.

Jinx engoliu em seco.

— Boa noite, Sr. Vale.

Ela saiu, sentindo o olhar dele queimando em suas costas como um alvo laser.

[FIM DO CAPÍTULO]

.

.

.

Curiosidade do Aeron: O vinho que ele estava bebendo custa $5.000 a garrafa, mas ele mal sente o gosto. Desde o "acidente" que matou a esposa há 5 anos, ele perdeu parte do paladar. A única coisa que ele sente de verdade é a adrenalina. E a Jinx é pura adrenalina para ele. 🍷

Nota da autora: QUE TENSÃO FOI ESSA? 🔥 Ela tentou roubar o cartão e ele sentiu... mas não denunciou. Ele alisou a mão dela! Aeron Vale não é apenas perigoso, ele é territorial.

Pergunta polêmica: Ele segurou a mão dela para investigar os calos ou porque ficou excitado com a audácia?

Comentem "CAÇADOR" 🐺 se vocês acham que ele está gostando do jogo de gato e rato!

O aviso está dado: Adicionem na biblioteca! No próximo capítulo, a Jinx vai descobrir que a "jaula" do Aeron é muito mais vigiada do que ela pensa.

Ravenna V.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP