Capítulo 53 – Garras na Escuridão
O silêncio da floresta amaldiçoada era tão espesso que sufocava. Nem as folhas ousavam farfalhar. As raízes torcidas pareciam se mover com vida própria, sussurrando palavras em uma língua extinta. Ana estava deitada sobre um altar de pedra coberto por runas negras que pulsavam em tons de vermelho. Seus braços estavam presos por correntes forjadas com magia antiga, fria como gelo. O sangue escorria de cortes finos em seus pulsos, sendo coletado por uma taça de obsidiana.
Ela estava consciente. E aterrorizada.
A criatura que a raptara não era elfo, nem lobo, nem fada. Era algo mais antigo. Mais corrompido. A pele era uma casca esbranquiçada, os olhos eram buracos negros que devoravam luz. Um servo do Véu Partido — um culto antigo que desejava sacrificar a Criança do Véu Duplo antes mesmo de nascer.
“A herdeira da cura... a mãe do fim...”, murmurava ele, passando as garras sobre o ventre de Ana.
Ela gritou, não de dor, mas de fúria.
Do outro lado do véu