A madrugada avançava, mas o sono não chegava para Isabela. Ela encarava o teto, ainda sentindo o calor dos lábios de Leonardo nos seus. Cada toque, cada olhar trocado naquela noite parecia um turbilhão de emoções que ela não conseguia controlar.Virando-se na cama, ela suspirou. O perigo os cercava, e ainda assim, ali estava ela, se envolvendo novamente com o homem que havia destruído seu coração.Mas seria possível resistir a ele?A porta do quarto rangeu baixinho, e Isabela se virou de imediato.Leonardo estava ali, encostado no batente da porta, usando apenas uma calça de moletom, o peito nu revelando cada detalhe dos músculos esculpidos. Seus olhos carregavam algo indecifrável, um misto de desejo e preocupação.— Não consegue dormir? — a voz dele saiu baixa, rouca.Ela negou com a cabeça.Ele hesitou, mas então cruzou o quarto e sentou-se na beira da cama.— Amanhã será arriscado. Quero ter certeza de que você está pronta para isso.Isabela o encarou.— Não tenho outra escolha. Ri
O carro cortava a noite velozmente, as luzes da cidade refletindo nos vidros. O silêncio dentro do veículo era denso, carregado de adrenalina e medo.Isabela olhou para Leonardo, que mantinha as mãos firmes no volante, os olhos atentos ao retrovisor. Camila, no banco de trás, respirava rápido, tentando processar o que havia acontecido.— Eles nos viram? — a voz de Isabela saiu tensa.Leonardo apertou os lábios.— Acredito que sim. Mas estamos longe agora.Camila riu nervosamente.— Isso foi insano! Quase morremos lá dentro.— Quase. — Leonardo corrigiu. — Mas não morremos.Ele virou bruscamente à esquerda, entrando em uma rua mais deserta.— Vamos para onde agora? — Isabela perguntou.— Tenho um lugar seguro. Precisamos analisar esse HD antes de qualquer coisa.Camila se recostou no banco.— Não acredito que estamos vivendo um filme de ação. Juro, vou escrever um livro sobre isso.Isabela lançou-lhe um olhar exasperado.— Concentre-se, Camila.— Ah, qual é! Precisamos rir um pouco. Vo
O silêncio que tomou conta do apartamento após a ligação de Ricardo era sufocante. O olhar de Isabela estava fixo no celular em sua mão, como se o aparelho ainda pudesse lhe fornecer respostas. Camila caminhava de um lado para o outro, inquieta, enquanto Leonardo analisava a situação com os punhos cerrados.— Ele está jogando com você. — Leonardo finalmente quebrou o silêncio.Isabela ergueu os olhos para ele.— E se não for um blefe? Ele pode estar com alguém que amo.— Com quem exatamente? — Camila perguntou, sentando-se na beirada do sofá. — Ele pode ter sequestrado algum parente? Algum amigo?Isabela sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Sua mente vasculhou todas as possibilidades, mas havia uma que a apavorava mais do que todas.— Minha mãe.Leonardo franziu a testa.— Ela está viajando, não? Para o interior?— Sim, mas... se ele descobriu para onde ela foi, pode ter mandado alguém atrás dela.Camila engoliu em seco.— Se ele tiver a sua mãe, você vai mesmo até ele?Isabela nã
O beijo de Leonardo fez o mundo ao redor desaparecer por um instante. Isabela sentiu seu corpo relaxar contra o dele, como se todo o peso das últimas semanas finalmente estivesse sendo retirado de seus ombros. Mas, no fundo, uma parte dela ainda estava inquieta.Quando o beijo terminou, Leonardo tocou seu rosto suavemente.— Você está tremendo.Ela soltou um suspiro longo.— É a adrenalina. Ou talvez seja a sensação de que isso ainda não acabou.Camila, que observava tudo de braços cruzados, interveio.— Você ouviu o que Ricardo disse antes de ser levado. Ele ainda acha que pode fazer algo.Leonardo assentiu, a expressão séria.— Ele pode tentar, mas agora está atrás das grades. O importante é que você e sua mãe estão seguras.Isabela olhou para a viatura da polícia que desaparecia no horizonte. Uma parte dela queria acreditar que aquele era realmente o fim de Ricardo, mas outra parte sabia que pessoas como ele sempre tinham um plano de contingência.— Vamos para casa. — Leonardo diss
O silêncio na sala se tornou insuportável.O telefone ainda estava na mão de Isabela, como se o peso daquelas palavras de Ricardo tivesse se impregnado no aparelho. Era como se a ligação tivesse deixado um rastro invisível de medo pairando no ar.Leonardo se levantou abruptamente e começou a andar de um lado para o outro, os passos ecoando pelo piso de madeira da sala.— Isso não faz sentido. — ele disse, quase para si mesmo. — Ele não pode estar fazendo ligações de dentro da prisão sem ajuda.Isabela engoliu em seco, tentando ignorar a sensação de que algo muito errado estava acontecendo.— Então, isso significa que ele tem um cúmplice. — ela murmurou, mais para confirmar o pensamento do que como uma dúvida.Leonardo parou e olhou para ela, os olhos escuros carregados de preocupação.— Alguém poderoso o bastante para garantir que ele tenha privilégios. Alguém que pode estar mais perto do que imaginamos.Um arrepio percorreu a espinha de Isabela. Ela abraçou os próprios braços, tentan
A sala parecia menor, sufocante. Isabela sentia o ar pesado enquanto processava a notícia. Ricardo estava morto? Isso significava o fim de seus tormentos ou o início de algo ainda pior?Leonardo não tirava os olhos da tela do celular. Camila, sentada ao lado de Isabela, mordia o lábio inferior, nervosa.— Isso pode ser uma armação. — Leonardo finalmente disse.Isabela piscou, confusa.— Como assim? Você acha que ele forjou a própria morte?— É uma possibilidade. Mas também pode ser que alguém o tenha matado para silenciá-lo.Camila se inclinou para frente, preocupada.— Se ele realmente morreu, quem foi que ligou para você?O arrepio percorreu a espinha de Isabela.— Essa é a pergunta que não sai da minha cabeça.Leonardo largou o celular e pegou as mãos dela.— Vamos descobrir. Mas, até lá, você precisa se manter segura.Isabela assentiu lentamente, mas no fundo, uma sensação incômoda crescia dentro dela.Na manhã seguinte, Isabela acordou com o som da campainha.Seu coração disparou
Horas depois da visita do detetive Murilo, a mente de Isabela parecia um turbilhão. Ricardo havia ligado para ela, diretamente da cela, pouco antes de ser assassinado. Aquilo não podia ser coincidência. Havia algo oculto — algo grande o bastante para fazê-lo quebrar o silêncio nos seus últimos momentos de vida.Leonardo estava na varanda do apartamento, encostado na grade, olhando para o céu cinzento, enquanto segurava uma xícara de café. Estava tenso. O maxilar travado denunciava seu estado mental. Isabela se aproximou em silêncio, usando um moletom largo e cabelos presos em um coque bagunçado.— Dormiu alguma coisa? — ela perguntou suavemente.— Difícil dormir sabendo que o homem que infernizou sua vida foi morto poucas horas depois de falar com você — ele respondeu, sem tirar os olhos do horizonte.Ela encostou-se ao parapeito ao lado dele.— E se for uma mensagem codificada? — ela sugeriu. — Algo que ele não pôde dizer diretamente, mas queria que eu entendesse?Leonardo virou o ro
Isabela estava sentada no sofá antigo da cobertura, com o pen drive em mãos, enquanto Leonardo falava ao telefone com um técnico de confiança. O silêncio entre as frases dele era preenchido pelo som abafado da chuva fina que começava a cair sobre a cidade. O céu estava cinzento, e uma melancolia doce pairava no ar.Ela encarava o dispositivo como se ele carregasse não apenas segredos, mas também os estilhaços da sua própria história. Aquela era a última ponte entre ela e um passado que, embora sombrio, agora revelava nuances inesperadas. E o mais confuso: Ricardo a estava protegendo. Mesmo depois de tudo.Leonardo desligou o telefone e se aproximou, se agachando diante dela.— O técnico vai dar um jeito. Ele disse que consegue recuperar os dados em até 48 horas. — Seus olhos procuravam os dela, como se estivessem tentando traduzir o caos que se passava em sua mente.— Você acha que ele… amava mesmo? — ela perguntou, quase num sussurro.Leonardo engoliu em seco.— Sinceramente? Sim. Do