"Ravenna"
Cassius falava sério. Eu sacudi a cabeça, incrédula que ele estava comparando humanos com animais.
— É diferente.
— É a natureza. Lobos também são animais, não? Espécies diferentes se alimentam de outras. Mas, fique tranquila, em geral não matamos mais ninguém. Não há necessidade disso.
— Em geral significa que acontece de vez em quando — falei, emburrada. Ele tinha uma resposta para tudo.
— Sim. — Seu olhar se fechou de novo. — Quando é preciso. Ou por descontrole de alguns, prazer de outros. De qualquer forma, os servos estão aqui e saciam nossa sede. Em troca, levam uma vida que não teriam entre os humanos. A não ser que trabalhassem muito.
— Não trabalham? São tipo da corte, como aqueles discípulos dos reis de antigamente, que viviam em festas?
— Quase isso.
Devia ter mais ali. Olhei em volta e vi nós dois refletidos no espelho.
Nossos olhares se fitaram por ali e me lembrei de algo, dizendo baixinho:
— Nos filmes, vocês não têm reflexo.
— Besteira da literatura desde Dr