KAEL
— E você? — perguntei, duro, sentindo a urgência rasgar a voz.
Dorian desviou o olhar, a cara fechada.
— Eu fico de olho no galpão. — Ele respirou fundo. — Vou vasculhar o que sobrou, ver frascos, rótulos, qualquer coisa que dê pista. E Kael... — ele prendeu meu olhar — não faz nada que depois vá se arrepender. Não perde a cabeça.
Balancei a cabeça, o corpo todo cheio de uma raiva que não sabia transformar em ação além de proteger.
— Eu nunca faria nada pra magoar ela — respondi. A voz saiu firme, e senti, por dentro, que a promessa vinha do osso.
Ele assentiu, convicto e me estendeu as chaves do carro. No caminho até a porta, eu ajeitei a jaqueta ao redor do pescoço dela, tentando abafar o cheiro o máximo que dava. Não era muito, mas dava o tempo suficiente para chegar até o carro.
No banco, com o motor ligado e a cidade correndo em linhas imprecisas pela janela, segurei a mão dela como se fosse uma âncora.
Pisei fundo, virando o carro para fora da cidade, tentando alcançar a est