Helena

O problema de amar um homem como Felipe Diniz é simples: você nunca sabe se está segurando a mão dele… ou impedindo que ele caia do penhasco. E hoje, mais do que nunca, eu sinto esse abismo respirando entre nós.

Voltei para o escritório no fim da tarde. Deveria ir para casa, descansar, fingir que minha vida não está sendo usada como peça de xadrez num tabuleiro corporativo que eu nunca quis jogar. Mas não consigo. Algo no olhar de Felipe — quando me disse que poderiam usar meu nome contra ele — ainda pulsa na minha garganta como uma súplica silenciosa.

Entro na sala dele.

Ela está vazia. Mas não neutra.

Carrega o perfume dele. A tensão dele. Os fantasmas dele.

E no centro, sobre a mesa, uma única pasta: Documentos que Adrian vazou e que podem destruir muito mais do que cargos — podem destruir o pouco que restou de paz na vida de Felipe.

Fecho a pasta devagar.

— Não devia estar aqui, Helena.

A voz atrás de mim não é a dele. É a de alguém mais afiado. Mais paciente. E muito mais