Quando fugir se torna a única saída
Josy nunca pensou que o corpo pudesse falar tanto sem abrir a boca.
Cada hematoma carregava uma história que ela nunca contou.
Mas, quando veio a notícia da doença do pai, ela acreditou que, de alguma forma, tudo era sua culpa.
Seu Alberto estava fraco. A saúde debilitada. O susto ao ver a filha e a neta naquele estado pareceu levar com ele toda a energia que ainda restava.
— É tudo culpa minha. — Josy sussurrava para si mesma nas noites em que as dores físicas e a culpa dividiam espaço no mesmo peito.
Hannah, agora com oito anos, quase não tinha mais brilho nos olhos.
Luna percebeu isso antes de qualquer um. Por isso, quando Josy, com o coração quebrado, pediu que ela cuidasse da filha por uns dias, Luna aceitou sem pensar duas vezes.
E ali, pela primeira vez em muito tempo, Hannah respirou.
Não era felicidade. Ainda não. Mas era o começo de algo parecido com paz.
Guilherme fazia piadas bobas tentando arrancar dela um sorriso.
Jogava bola, of