Giulia:
Eu saí do elevador no último andar do prédio da MOREAU. O som dos meus saltos ecoava como um sussurro ameaçador no mármore frio, cada passo mais alto, como se o próprio edifício tentasse me lembrar que aquele não era o meu lugar. As paredes de vidro refletiam minha imagem distorcida, enquanto o brilho impessoal do cromo parecia observar cada movimento meu. O ar ali era espesso, carregado com a presença dele, mesmo que eu ainda não o tivesse visto.
No canto, a assistente de Matteo digitava com precisão mecânica, as unhas longas ressoando no teclado como batidas de um relógio impiedoso. Quando levantei o queixo para me anunciar, ela já estava me avaliando.
— Posso ajudar, senhorita?
— Estou aqui para ver o Sr. Romano. Ele poderia me receber por um momento? — minha voz vacilou levemente enquanto eu me aproximava. Havia uma distância gélida entre nós que não tinha nada a ver com o ar-condicionado.
— Você tem horário marcado?
— Não. — Mordi o lábio, sentindo a pressão do momento. —