Narrado por Sérgio
Os dias seguintes foram uma tortura silenciosa. Hellen caminhava pela casa como uma lembrança viva daquilo que temia profundamente perde. Desde aquela manhã — desde o beijo que ela transformou em fuga — a distância entre nós se tornou um abismo e estava me enlouquecendo.
Ela não me olhava mais. Quando cruzávamos no corredor, desviava o rosto como se cada olhar meu fosse uma ameaça. E, talvez, fosse mesmo. Porque dentro de mim, o desejo e a culpa travavam uma guerra que eu já sabia que não iria vencer.
Passei a observá-la de longe, sem coragem de me aproximar.
Às vezes, a via sentada na varanda, outras vezes andando pelo jardim — sempre com aquele ar melancólico, como se o sol não fosse capaz de tocar a pele dela da mesma forma. Eu queria ir até lá, pedir perdão, mas o medo de vê-la me odiar outra vez me mantinha imóvel, além disso temia aborrecer ela ainda mais, pois ainda lembrava do bebê de Peter. Que ela perdeu por minha causa e… não correria esse risco com a mi