Narrado por Sérgio
Porém, eu precisava entender. Precisava arrancar dela a razão de por que dizia que não existiria mais um "nós" a partir daquele instante. O desespero me corroía por dentro, e as palavras escaparam de mim como um grito sufocado:
— O quê? Como assim, meu anjo? — minha voz quebrou. — Por quê?
Ela ergueu os olhos para mim, firmes, mas marejados. Havia dor em cada sílaba, e mesmo assim falou sem vacilar:
— Sim, Sérgio… nós não podemos mais continuar. Por dois motivos.
Cada palavra dela foi uma lâmina me atravessando.
— Primeiro… por Peter. — sua voz embargou, mas ela prosseguiu. — E pelo nosso filho que perdi. Minha consciência jamais me deixaria em paz se eu seguisse adiante com você.
Engoli em seco, mas o nó na garganta me impedia até de respirar.
— E o segundo motivo? — perguntei, quase sem voz, com medo da resposta.
Ela respirou fundo, como quem reúne forças para cravar a última estaca em meu coração.
— Porque quero me proteger. — disse, firme. — Sei que, se continua