Nayole Akello
Nunca acreditei nas sombras ou forças ocultas. Lembro-me, como se fosse ontem, dos dias em que ouvia histórias contadas por Mzabia, a velha guardiã do orfanato onde passei a maior parte da minha vida. “Os antepassados reencarnam nas crianças órfãs,” ela dizia, com os olhos fixos em mim. Na sua voz rouca havia uma advertência, uma premonição que não levei a sério. Eu tinha 18 anos e uma sede insaciável por liberdade, e acreditava que o que se escondia atrás daquelas histórias era apenas o medo de um futuro desconhecido.
Naquela noite, a atmosfera na boate estava densamente carregada. Luzes pulsantes cortavam a escuridão, e a música reverbera como um coração agitado. Eu precisava ir ao banheiro, a urgência se tornava insuportável. Ao abrir a porta do cubículo e enquanto me ocupava com o que tinha que fazer, senti um frio na espinha que me fez hesitar. Era uma sensação estranha, uma sombra que me observava nas paredes sujas e desgastadas do banheiro. "É só a sua imaginação