Dormi mais uma vez no apartamento de Alexandre. Talvez minha mãe já estivesse acostumada com a ideia. Cheguei pela manhã, ela ainda dormia no quarto dela. Entrei em silêncio, troquei de roupa, arrumei minha mochila.
Meu celular começou a tocar.
Quando vi o nome na tela, hesitei.
Era meu pai.
No dia anterior, ele havia enviado apenas uma mensagem seca:
“Mande o Alexandre me atender. É urgente.”
Nada mais.
Era como se ele soubesse que eu estava com Alexandre — embora não estivesse. Ainda.
Fiquei alguns segundos encarando a tela, até que atendi. Mas não disse nada.
— Maria? Está me ouvindo? — ele perguntou, do outro lado.
Eu não sabia como reagir. Talvez tivesse sido dura demais na nossa última conversa.
— Estou — respondi, séria.
— Estou me afastando. Peça para o Alexandre voltar ao hospital. Eu não estou em condições de continuar à frente. Fiz um empréstimo, há dinheiro na conta. Que ele assuma a direção. Faça o que quiser com aquela porcaria...
A voz dele era firme, mas sem alma.
Minh