Eu não sabia o que dizer, mas sabia que, sem Alexandre no hospital, tudo aquilo logo ia ruir.
— E o que você pretende fazer? Você não pode simplesmente... — tentei dizer, mas ele negou com a cabeça, ainda sem camisa, apenas de bermuda, e me deu as costas, indo em direção à cozinha.
— Já recusei inúmeras propostas de trabalho. Nunca saí do hospital por consideração ao seu pai. Além disso, posso me manter afastado por um tempo. São anos lidando com sangue, salvando vidas de desconhecidos... No fundo, talvez a Maria Clara tenha razão: eu não tenho vida além de uma sala de cirurgia.
Só de ouvir o nome dela, o desconforto voltou. Eu preferia que ele não se referisse à ex-mulher, mas nunca teria coragem de dizer isso.
— Entendi. Não vou mais tomar o seu tempo. De qualquer forma, essa conversa precisa acontecer — falei, observando o homem deixar o copo vazio sobre a bancada branca da ilha.
— Ei, espera... — ele se apressou na minha direção, me segurando pela cintura. Olhei em seus olhos, ten