Minha mãe ainda estava fraca, mas já conseguia sustentar a própria voz com mais firmeza. O olhar dela, embora cansado, voltava a brilhar aos poucos. Era como ver alguém renascer de dentro da dor, e isso me acalmava.
Alexandre estava ao lado dela, discreto, com as mãos nos bolsos do jaleco. Ele a observava com atenção clínica, mas também com algo mais. Um cuidado que não se ensinava nos livros. Um cuidado que, eu sabia, vinha por mim.
— Doutor... obrigada. Eu jamais poderei agradecer o suficiente pelo que fez — disse minha mãe, com esforço, os olhos marejados.
Ele sorriu de leve, assentindo.
— Fique bem, Laura. Se recupere com calma. Não há o que agradecer... sou médico. E, além disso — ele olhou rapidamente para mim — tenho grande estima por sua filha.
Meu coração vacilou. A boca secou. A garganta trancou.
Sorri fraco. Precisei desviar o olhar.
Eu sabia o que vinha depois. Ele havia me avisado. Quatro dias ali. Quatro dias sem descanso, ao meu lado, lidando com tudo. Era hora de partir