— Já que você está aqui, estou indo. Qualquer coisa, me avise. — Heitor entrou na sala friamente, sem sequer me olhar. Ficou parado, alheio, do lado de fora da porta. Eu assenti, sem coragem para mais nada. — Está bem.
Como eu poderia encará-lo depois de tudo? Eu nem sequer sabia o que ele pensava. Vi sair. Aquilo tudo estava sendo pesado demais para ele — pegar a estrada às pressas, passar duas noites em um hospital, e agora voltar para casa, mais que quatrocentos quilômetros de distância. Levantei da cadeira, indo atrás dele.
— Descanse antes de ir — pedi, vendo-o virar para mim, olhar nos olhos... mas não disse nada. Estava respeitando o momento. E eu sabia disso.
Os policiais ainda estavam no quarto de Laura quando voltei. Ela dormia profundamente, mas poderia acordar a qualquer instante. Após conversar com Helena e confirmar que ela ficaria no hospital, deixei um dos policiais na porta. Levei Maria Vitória comigo. Ela precisava de cuidado.
— E o meu pai? — perguntou ao chegarmos à