As meninas seguiram Luísa até a parte de trás da casa, onde havia uma sala toda decorada com as coisas mais hippies que Marina já viu. E há poucos segundos, Marina achava que Sol era a coisa mais hippie que ela já viu.
Sol apareceu por trás delas e pediu que elas entrem e ficassem a vontade.
Havia um banco longo encostado na parede onde todas se acomodaram. Sol foi até a mesa um pouco mais longe e sentou em uma cadeira de frente com as meninas.
Luísa se aproximou.
— Temos que ficar longe para não atrapalhar a leitura, nossas energias podem confundi-la. — Luísa sussurrou.
— Então... — Sol, com a voz calma que Luísa se lembrava, disse. — O que traz vocês aqui hoje?
— Queremos saber nosso futuro! Especialmente sobre o amor. Eu vou me casar no sábado e quero algumas previsões para espalhar. — Isa disse, recebendo um cutucão de Emília.
— Vocês têm sorte! Sinto uma vibração diferente esta noite, algo relacionado ao amor. Acho que foi o destino que trouxe vocês até mim. — Sol sorriu.
— Um destino chamado Luísa, a cliente número um deste lugar. — Marina sussurrou, arrancando algumas risadas de suas amigas.
— Então, quem quer ser a primeira? — Sol perguntou.
Isa levantou a mão.
— Eu!
Sol indicou para Isa se sentar em sua frente.
Marina não conseguia esconder o quanto estava incomodada com a situação. Não era segredo que ela não queria estar ali, mas, o que ninguém sabia, era que ela não tinha medo por si mesma, mas sim por sua prima.
— Você está fazendo de novo. — Emília disse a Marina.
— Fazendo o quê? — Marina perguntou.
— Cara de otária. — Emília respondeu. — Fala logo o que foi.
Marina sabia que ninguém a conhecia melhor do que suas primas, mas também sabia que era uma pessoa muito expressiva, e era fácil adivinhar o que ela estava pensando. Ela também não fazia questão de esconder.
— E se ela falar algo sobre o Felipe? E se ela disser algo negativo que vai deixar Isa triste? — Marina trouxe sua preocupação.
— E se ela salvar a pele de nossa prima? — Emília questionou.
— Como assim? — Marina perguntou, mas foi interrompida por Isa.
— Isso é sério? Você viu isso mesmo? — Isa falou mais alto do que queria, então olhou para trás, onde as amigas olhavam curiosas para ela.
Marina notou a expressão preocupada de sua prima.
— Eu avisei. Eu te avisei, Luísa. — Marina cruzou os braços.
Sol de repente se levantou.
— Sinto algo... — Sol fechou os olhos e levantou a palma da mão em direção a Marina.
— Começo a achar que essa Sol não gosta de mim. — Marina comentou.
— Marina! Claro que é você. Sua energia é a mais invasiva que já senti. Tenho uma previsão para você.
Marina começou a rir e olhou para as amigas, esperando que rissem com ela, mas, em vez disso, elas a empurraram, sem delicadeza, em direção a Sol.
— Então, como vai, amiga? — Marina deu um sorriso sem graça para Sol.
— Fico feliz que tenha vindo, Marina. Nunca tive a chance de explorar mais essa sua energia... ela é tão viva, como se você contagiasse todos à sua volta, e quando você me contagia... consigo ver tudo.
— Sortuda. — Luísa murmurou.
Marina olhou para as amigas, que estavam ao redor dela.
— Será que, já que fui forçada a estar aqui, posso ao menos ter um pouco de privacidade?
Marina sabia que não estava pedindo muito para uma pessoa normal, mas para suas amigas, estava pedindo o equivalente a um grande favor.
Quando Marina se viu longe das amigas, virou-se para Sol.
— Por favor, nada muito dramático, que tal prevê quem vai ser meu próximo ficante ou algo assim?
Sol sorriu.
— Ah Marina, o que eu sinto de você é bem maior que isso. Agora eu entendo o que eu senti antes de vocês chegarem. Às vezes, tenho visões poderosas, daquelas que nada no mundo pode mudar. Como se fossem destinos, sabia? É exatamente isso que estou sentindo agora.
Marina cobriu o rosto com as mãos.
— Então, vá direto ao ponto. Quando vou morrer? Será em breve, não é?
Sol balançou a cabeça.
— Não é sobre isso, sua data da morte pode mudar, mas isso? Isso vai acontecer com você, e acontecerá em breve, muito breve, diria eu, em questão de dias.
— O que? O que vai acontecer comigo?
Marina sentiu um misto de exasperação e apreensão. Ela lutava contra a ideia de acreditar nas palavras de Sol, mas algo dentro dela, acreditava. Algo dentro dela sabia da energia que ela tinha e sabia que Sol não era uma charlatona. E ela estava realmente preocupada com o que Sol tinha a revelar.
— Você vai conhecê-lo, Marina. O amor da sua vida, você vai conhecê-lo.
Marina sentiu todos os pelos do seu corpo se arrepiarem. Marina fez um gesto de desdém, mas no fundo, uma pequena faísca de esperança acendeu dentro dela. Talvez fosse o calor da noite ou a proximidade do casamento, mas Marina decidiu que não custava nada jogar a toalha branca na sua luta contra o amor.
De repente ela percebeu que estava mais preparada para receber a notícia da sua morte do que isso.