Capítulo 5
Mariana
A biblioteca da universidade era um dos meus lugares favoritos desde que comecei o curso. Ali, entre estantes altas e mesas silenciosas, eu sentia que o mundo parava por um instante. Era um espaço seguro, onde podia me esconder do caos e tentar compreender, uma página por vez, o que acontecia dentro e fora de mim.
Naquela tarde fria, entrei decidida a revisar o material da aula de Hermenêutica. Henrique Azevedo não facilitava. Cada aula parecia uma batalha intelectual, um mergulho forçado em mares turbulentos onde cada palavra era uma corrente puxando para um sentido novo. Eu ainda não sabia se o admirava ou o temia, mas sabia que precisava compreendê-lo para sobreviver ao semestre.
Sentei perto da janela. Espalhei meus cadernos, abri os livros. Comecei a sublinhar passagens, anotando frases soltas como se buscasse sentido no caos. E foi ali, absorta entre termos e interpretações, que ouvi passos se aproximando.
Levantei os olhos, e lá estava ele.
Henrique Azevedo.