Capítulo 35
Luna
O silêncio que se instalou entre nós foi denso, quase sólido. Eu conseguia ouvir o tique-taque distante do relógio na parede, o vento lá fora agitando levemente as folhas, o som do meu próprio sangue correndo rápido nas veias.
Ele se inclinou, repousando a xícara na mesinha ao lado. As mãos estavam trêmulas, mas não por fraqueza. Era algo mais profundo. O tipo de tremor de quem carrega segredos por tanto tempo que quase esqueceu como falar em voz alta.
— Quando sua mãe engravidou de você, eu sabia que o mundo dela não era seguro. E muito menos o meu. — Ele começou, a voz grave ecoando no quarto. — Eu... fiz escolhas ruins, Luna. Fui covarde. Mas o pior de tudo foi acreditar que te manter longe de mim seria uma forma de te proteger.
— Me esconder de quê? — minha voz saiu mais ríspida do que eu queria. — Do mundo? Ou da culpa?
Ele engoliu em seco, desviando os olhos por um momento. Mas não fugiu.
— De mim. Do homem em que eu me tornei. Eu não sou um herói, Luna. Longe d