Capítulo 29
Luna
O quarto parecia mais escuro do que o normal, mesmo com as luzes acesas.
Dante estava sentado na poltrona próxima à estante, camisa preta semiaberta, os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos entrelaçadas diante do rosto. Um homem inteiro moldado por silêncio. Não levantou a cabeça quando entrei. Apenas respirou fundo, como quem contava os segundos para não explodir.
Fechei a porta atrás de mim, sem barulho.
Dei dois passos para dentro e parei, como se atravessar aquele cômodo fosse cruzar uma linha que eu ainda não tinha certeza se podia.
— Eu não sabia — minha voz saiu baixa, quase frágil. — Não sabia da ligação do meu avô com o Rivas. Nunca ninguém me contou nada.
Ele não respondeu. Os olhos fixos no chão. Os dedos cerrados com força.
— Dante...
— Por que você não veio a mim, Luna? — A voz dele finalmente rompeu, grave e contida, como um trovão segurando a tempestade. — Por que investigou sozinha? Por que me deixou de fora?
— Porque eu estava com medo — confessei