* Estrangeira *

— Ela é uma mulher arrogante. - Lilian bradou assim que abriu a porta da sua casa — Você viu como ela falou conosco? Ela acha que é quem?

— Uma agente especial que pode fazer o que quiser na hora que quiser… - Cassius zombou o que era de fato uma verdade que ninguém poderia dizer o contrário.

— Se eu não te conhecesse bem, acharia que possivelmente está apaixonado por aquela farsante. Aquela vigarista, aquela falsa que dança em pole-dance como uma rainha.

— Não estou. É você quem está com ciúmes porque ela mencionou aquela pessoa.

Lilian parou no meio da sala voltando-se ao homem — EU NÃO ESTOU COM CIÚMES.

— Fica calma. - Pediu o homem, tentando acalmar a fera que atiçou.

— ESTOU CALMA.

— Mãe? - Lizzie apareceu de repente fazendo os dois a olharem — Oi, tio Cassius. - O abraçou rapidamente. — Falei com Archie na escola hoje.

— Sim, ele ficou meio…

— Traumatizado? Ele contou e sinto muito por isso.

— Tudo isso é culpa daquele encosto, quase mata seu amigo. Não precisa sentir nada, porque ele vai pagar caro por isso. – Lizzie a encarou por um momento e depois Cassius que balançou a cabeça pedindo para deixar para lá.

— Vou sair com as meninas, volto antes das onze, prometo. - Avisou fazendo os olhos de Cassius outra vez cair sobre a garota que a cada dia que passava achava estranho à menina usar roupas de marcas, bolsa e sapatos, maquiagens e andar com colegas que não teriam condição de usar tudo aquilo, ele conhecia a família, os pais, e suas situações. Era estranho, estranho demais.

Mas era apenas ele que via? Porque para Lilian estava tudo bem?

— Quer dinheiro? Carona para voltar para casa? Alguma coisa?

— Não mãe, está tudo bem. Te amo. Volto logo. – Se despediu e saiu.

— Quanto você dá de mesada pra essa garota?

— Lizzie é econômica, ela sempre tem uma reserva. – Contou sem se importar. Cassius estreitou os olhos outra vez olhando na direção, mas nada disse.

— Quando Jenie vai começar?

— Há essa hora ela já deve ter entrado em contato com Luke. Ele terá que levá-la para Beathan para ser escolhida por Bennett.

— Ótimo, espero que dessa vez a gente consiga prender todos, todos, todos eles até o último, incluindo Gildy, e suas filhas que mais parecem filhotes de prostitutas. - Bradou com mais raiva ainda.

— Eu estou indo, lembre-se que neste momento tudo que temos que fazer é focar em outro lugar, Oscar tem que achar que desistimos depois dessa última vez. Vamos fingir que não tem mais Bennett em nossa vida.

— Vou tentar. – Deixou claro para o outro que revirou os olhos e logo se despediu.

_-_

Oscar Bennett era um homem sério.

Tinha seus negócios, problemas e todos eles eram tratados por si, apenas por ele mesmo. Nunca foi um homem de confiar em qualquer pessoa para lidar com suas coisas, isso incluía seus filhos, sobrinhos e as filhas que sequer moravam próximas, mantinha suas princesas longe de tudo e de todos, pois não gostaria de vê-las presas ou nas mãos de homens que não lhe respeitavam, que ele não confiava.

Sobrando assim, seus dois filhos e o sobrinho que sempre esteve por perto, interessado nas mulheres, no dinheiro, fazia tudo o que o tio pedia, era seu talvez mais fiel escudeiro. Nem mesmo seus filhos tinham aquela conexão com o Bennett mais velho.

A ideia de Teodoro abriu sua mente quando soube do desinteresse de sua boate. Estava tão focado nos roubos dos bancos, nas drogas que iam e vinham, nas armas que sempre precisou para eliminar todos que se colocavam em sua frente, que nem ligou para as boates em volta do mundo que possuía, em prioridade, a sua boate de Seant, comandada por Tristan que não podia pisar na mesma que havia uma formiga em seu pé, uma que merecia ser morta, esmagada, cortada e dividida em partes, para cada vez que sentir raiva, ele descontar em uma diferente.

Sua clientela era vulgar e exótica, homens da alta sociedade entravam e saiam por todo lugar, e esse era um dos motivos pelo qual a polícia jamais fecharia. Mas está em Seant, com mulheres de Seant que estava começando a enjoar, e agora, pensando melhor, ele entendia muito bem seus clientes. Luke deu uma ideia ótima, e quando Teodoro chegou lhe contando, mandou Tristan rapidamente para resolver esse problema, foi tão rápido que não pensou direito em um esquema de segurança e deu no que deu.

Apesar de odiar aquela mulher com tanta força, Lilian Stewart fazia seu trabalho muito bem, e era por isso que tinha que morrer.

Dois dias após ter Tristan de volta, eles marcaram a viagem para Beathan e hoje chegaram à boate de Calvin, escolheria cinco mulheres, as mais bonitas para começar. Ele ia ao meio de seus filhos, os olhos frios passando medo a todos que os encontravam.

Do lado direito Teodoro prestava atenção em cada detalhe, à mão presa na arma na cintura, ele não conseguia se sentir bem ao redor de inimigos, ainda mais quando ele não sabia o que esperar a qualquer momento. Tristan ia do outro, bocejando, pouco preocupado com o rumo da história.

Juan vinha mais atrás com as garotas, e Valentin atrás delas, contando quantas vezes já dormira com cada uma. No final do corredor, a última porta foi aberta e Oscar entrou sem parar. Calvin estava o esperando logo na entrada Luke ao lado com seu sorriso cínico de sempre.

— Oscar, seja bem vindo, eu fico feliz que tenha tido tempo de nos ver. Eu esperava que fosse mandar um de seus filhos, ou apenas Juan, mas gastou seu tempo vindo.

— Há coisas importantes que precisam de mim para… acontecer. – disse e passou o olhar ao redor e parou nas garotas que estavam em fila.

— Eu pedi para Luke escolher as garotas.

— Eu quero escolher as garotas daqui. – Calvin estreitou os olhos — Na minha, ofereci um bônus e quase vinte vieram até mim querendo vir à sua boate. Valentin deu a nota dele de cada uma e escolhi as mais bonitas. – Explicava enquanto caminhava na frente das mulheres de Calvin.

Algumas estavam chorando, outras tentavam cobrir seu corpo de qualquer jeito. Era fim de expediente e a maioria trabalhava poucas horas antes de tudo aquilo. Oscar parou na frente de cada uma, e havia beleza em seus rostos, mas nos olhos, era uma tristeza sem fim, tão maltratadas que sentiu vontade de escolher todas e tentar ajudar. Do seu jeito, é claro.

Foi quando voltou ao seu lugar sem conseguir tirar os olhos delas, para ele, qualquer uma seria uma boa e então voltou para Valentin.

— Escolha uma. – Mandou, Valentin sorriu alegre, é claro, de mulher ele entendia. Olhou cada uma com os olhos fixos, oh.

— Poderia mandar todas, eu nunca dormir com uma garota de Valcolink.

— De Valcolink? Temos Maria, uma ruiva exótica, exemplar – Calvin mostrou e a garota deu um passo à frente olhando atentamente para todos eles, e focou depois apenas em Valentin que sorria.

— Minha garota – Abriu os braços para a menina que, de tão medrosa, não se mexeu — O que você dá pra essas meninas? – Perguntou aleatoriamente. Um dos comparsas de Calvin a agarrou pelo braço a colocando em outra filha, do lado dos Bennett e todos eles assistiam aquilo, entendendo pouco a pouco como funcionava o lugar ali.

Antes de escolherem outra, a porta novamente foi aberta, para a o alívio de Luke que estreitou seus lindos olhos ajustando os óculos no rosto. Os poucos dias que passou para trazer os Bennett ali quase não foram o suficiente para colocar Jenie Jones na sua lista de garotas sem ninguém naquele lugar questionar. A tornou o terror em menos de quarenta e oito horas, deixando todos a par de que a garota de seios fartos e um belíssimo corpo era um grande problema a se livrar. Seria fácil lembrar-se dela se a vissem como uma rebelde fugitiva.

— Estamos em reunião. – Luke reclamou e assim que calou a boca, viu Jenie de longe. Estava sendo segurada por um dos seguranças, o cabelo para trás, a franja jogada para cima, o corpo coberto de suor e os olhos brilhando. — O que isso significa?

— Achamos a última que faltava – Avisou largando Jenie na sala. Ela tropeçou sobre os saltos, parou para respirar melhor e tentar não socar o cara. Ajeitou o cabelo e o sutiã que saiu do lugar.

— Se escondendo de novo, Jenie?

— Qualquer coisa para sair daqui.

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