Capítulo 60 — Algumas verdades não entram pela porta. Elas arrombam.
Selene Castiel
“Algumas verdades não entram pela porta. Elas arrombam.”
O cheiro do café chegou antes da consciência.
Forte. Quente. Familiar.
Café com leite.
E riso abafado vindo da cozinha.
Dona Nair.
Sorri.
Ou, pelo menos, achei que sorri.
O corpo tava exausto. A mente, latejando. Mas o estômago...
O estômago GRITAVA por comida.
Levantei. Me enrolei num robe qualquer. Caminhei até o corredor com aquele andar de quem ainda tá meio sonâmbula, mas faminta como quem sobreviveu a um apocalipse.
— Bom dia, boneca! — Dona Nair me recebeu com aquele sorriso que parece abraço quente.
— Bom dia... — murmurei, a voz rouca, mas os olhos fixos na comida.
E lá estava ele.
Caius.
De costas. Camisa cinza justa, cabelo bagunçado, e a mão mexendo o açúcar no café como se o universo dependesse disso.
— Bom dia. — ele disse, sem se virar.
— Hm. — resmunguei, puxando a cadeira com o corpo já ansioso por qualquer coisa que tivesse carboidrato e gosto de vida.
Dona Nair colocou um prato na minha frente.