Selene Castiel

O gosto amargo na boca me acordou antes mesmo do despertador.

Sabe aquele tipo de mal-estar que não vem devagar? Não te dá chance de negociar? Que simplesmente... te arrasta, te engole, te obriga?

Foi assim.

Levantei tão rápido que quase tropecei no próprio corpo. A mão no estômago, a testa latejando, a boca seca. Corri. Corri como quem corre da própria vida.

— Merda... — soltei, antes de cair ajoelhada.

O som da ânsia preenchendo o banheiro. O cheiro ácido. A cabeça girando. A bile queimando. A respiração falhando.

Vomitei. Vomitei alma. Vomitei dor. Vomitei tudo que eu nem sabia que tava guardado aqui dentro.

As mãos apertaram a privada como se ela fosse a âncora que me impedia de ser levada por esse furacão que virou a minha vida.

Quando a última ânsia passou, fiquei ali. De joelhos. Naquele silêncio que só vem depois da tempestade.

E foi só então... que senti.

A mão escorregou, quase sem querer, até o próprio ventre.

O toque foi leve. Quase um susto. Quase uma pergun