Caius Varella
O domingo amanhece calado. As janelas da mansão estão entreabertas, deixando a brisa fresca invadir os corredores como uma lembrança do que não foi dito. A noite anterior ainda me arde na garganta — o cheiro dela, o gosto da provocação, a maldita dança que me deixou mais perto do inferno do que qualquer pecado já cometido.
Desço as escadas ainda com a camisa aberta e a calça de linho leve. Não consigo ficar no quarto. O colchão parece menor do que deveria, como se o desejo que ela deixou entre os lençóis me perseguisse mesmo quando fecho os olhos.
Atravesso o corredor em silêncio. A mansão está quieta demais, como se o mundo estivesse prendendo a respiração. Penso em café. Talvez um mergulho. Talvez qualquer coisa que me faça parar de pensar nela de vestido colado, corpo colado, boca colada na minha...
Viro para a área externa e paro.
Ela está ali.
Selene.
O sol desenha curvas douradas na pele dela. O biquíni preto é um insulto à lógica. Pequeno, provocante, escandalosam