O jantar estava quase pronto quando Blerim se virou, com o avental meio torto, e disse, como se fosse a coisa mais natural do mundo:
— Amanhã, depois do café, a gente podia ir pro litoral.
Mila piscou, surpresa.
— Amanhã? Mas a gente combinou pro fim de semana.
— Eu sei. — Ele apoiou a faca na tábua e ergueu o olhar. — Mas por que esperar? Você vive dizendo que não quer mais adiar nada. E eu também não.
Ela ficou em silêncio, processando.
— Eu só… — Passou a mão no cabelo, sorrindo sem jeito. — Eu nunca viajei assim, de repente. Sem planejar tudo.
— Então tá na hora. — O sorriso dele era tranquilo, como sempre. — Vai ser só um dia. A gente volta no outro. E eu prometo não esquecer o mapa.
— Você tem certeza?
— Eu tenho. — Ele respirou fundo. — Você merece ver o mar logo.
Mila sentiu o peito encher de um calor que começava no estômago e subia até a garganta.
Era tão simples — e, ao mesmo tempo, tão grande.
— Então tá. — A voz saiu num fio. — Vamos amanhã.
Ele sorriu, satisfeito, como q