Um dia comum na Academia Sobrenatural

Neréia

O som dos meus passos rápidos no caminho de pedra que levava até o outro lado do pavilhão leste, se fundia as batidas frenéticas do meu coração.

Todas vezes que passava por Zay e Anabel, era assim que me sentia, como se uma mão de ferro esmagasse meu coração. O grupo de veteranos se aglomeravam em volta dele, e de Blake. Eles faziam parte de um seleto reduto de alunos populares, que se destacavam em diversas atribuições de Uperside.

Quando cheguei na academia, tive a ilusão de ser parte deles, mas percebi que eu não me encaixava e não era bem vinda. Eu não sou descolada e estilosa, não sou um prodígio nos esportes para subs, e muito menos uso magia.

Na verdade, eles me consideravam uma fracassada, uma vergonha para as poucas bruxas que estudavam ali.

 Abaixei a cabeça, puxando o capuz aveludado verde floresta que fazia parte do uniforme da minha divisão. Cada espécie de sub usava uma capa de cor diferente.

Verde para as bruxas.

Cinza para os lobisomens.

Vermelho para os híbridos.

Roxo para os magos.

Azul-marinho para os lycans.

Preto para os vampiros.

Em sua maioria, cada espécie tinha uma ala, onde assistiam as aulas e coordenavam eventos, esportes e campeonatos. Entretanto, algumas disciplinas eram mistas entre nós, e hoje seria um desses dias.

Tínhamos História dos Reinos junto as turmas do quarto ano das outras espécies.

Puxei minha saia xadrez em verde e azul marinho, na esperança de que ela cobrisse mais as minhas pernas. Apesar de estar usando uma meia calça preta, eu não gostava de sentir o olhar dos lobos e vampiros não acasalados sobre mim, durante o meu período menstrual.

O cheiro do sangue e da fertilidade os atraia, e isso era tão constrangedor. Tentei ocultar isso de todas as formas.

Me sentei no canto esquerdo da ampla sala de estudos, espirrando um aromatizador que minha mae fez para mim. A função dessa coisa, com cheiro de ervas, era dissolver o meu cheiro antes de chegar aos machos, mas acho que não funcionava bem, porque Kael entrou na sala e caminhou direto até mim, farejando o ar, com um sorriso insinuante no rosto bonito.

- Uau ruivinha, que cheiro dos deuses, hein. – ele gracejou, se sentando ao lado dela.

- Urgh – eu resmunguei, chateada. Não funcionava mesmo. – Odeio quando chega o meu período. No mês passado, sai do banheiro feminino e um lobo do segundo ano me abordou, dizendo que era meu companheiro, que sentiu meu cheiro.

Afundei meu rosto entre meus braços cruzados sobre a mesa. Ouvi a risada sonora de Kael, em seguida, ele ficou em silencio, senti a atmosfera mudar, e um cheiro de carvalho branco inundar minhas narinas.

Estremeci.

Zayden provavelmente estava entrando na sala.

O barulho de sua turma, a algazarra de risadas e provocações, e em seguida as cadeiras recebendo seus novos ocupantes. Todos bem perto de onde nos estávamos!

Alguém se sentou atrás de mim.

E não era Blake.

Minha nuca se arrepiou, e meu estomago se contraiu, quando alguém soprou no meu ouvido.

- Esse cheiro de erva repugnante não mascara o que está tentando esconder, ratinha. – A voz de Zayden parecia dentro da minha cabeça. – A sua menstruação tem um odor tão doce que me dá vontade de provar, sabia?!

Me encolhi sob a minha capa, isso não era um elogio ou uma forma dele dar em cima de mim. Ao contrário, Zayden sabia que eu não me sentia bem com esse tipo de atenção, ele estava deliberadamente zombando de mim, e atraindo a atenção de seus amigos e seguidores também.

- Ei cara, deixe ela em paz. Ela só quer ver a aula e voltar para a ala das bruxas. – Kael interpelou.

O ar ficou frio e pesado, muito pesado. A reação de Zayden era muito opressora, de repente senti meus pulmões com dificuldade para respirar. Não sou forte como os subs, eu mal suportava a aura dele.

- Não se meta. Você não passa de um cachorro, querendo mijar em um poste de propriedade alheia. – O sibilo grave fez Kael rosnar de volta.

A ofensa não era nada para o meu amigo, mas ele não aceitava a forma como Zayden me tratava, principalmente depois de saber que crescemos juntos em Northshore. Kael era muito protetor e leal, e via no vampiro que atormentava meus dias, um diferente tipo monstro camuflado.

- Zayden, deixa a Neréia e o Kael em paz. – A voz de Blake surgiu, junto ao cheiro de frésias e violetas, um perfume único que só minha amiga tinha. – E saia do meu lugar, sabe que sento atrás dela nas aulas mistas.

Neste momento senti Blake me abraçar suavemente, me confortando. Em seguida, ouvi Zayden sair, sem dizer mais nada em voz alta. Por algum motivo bizarro ele a obedeceu.

- Não ligue para ele. Acho que está com ciúmes de você com o Kael. – Ela brincou. – Tem gente comentando que vocês estão juntos.

- Bem que eu queria. – Kael respondeu, no exato momento em que levantou minha cabeça. Ele me olhou intensamente, e eu me senti mal por não corresponder seus adoráveis sentimentos. – Mas ainda não consegui conquistar o título de namorado.

- Estamos nos conhecendo devagar, não seja tão apressado.

- Acho que o tio François vai adorar saber que você tem um companheiro de escolha lobisomem.

Sorri sem graça. Isso era verdade, meu pai gostaria que eu namorasse um lobisomem ou um lycan, afinal de contas, ele mesmo era um híbrido de vampiro e lycan.

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