P.D.V de Íris
Nasci sob a lua cheia — prata e silêncio me banharam.
Meu primeiro suspiro foi abafado pelos ventos de uma tempestade.
Fui arrancada do ventre morto de minha mãe pelas mãos enlouquecidas de meu pai.
Ele a perdera, e perdeu a si mesmo logo depois.
Um dia, quando eu tinha apenas oito anos, ele me levou até uma caverna escondida na floresta. Mandou que eu esperasse.
A noite caiu…
E ele não voltou.
Esperei três dias inteiros, até que a fome me venceu. Caminhei em busca de água e abrigo — encontrei uma vila pequena.
Acolheram-me com estranheza, mas com gentileza.
Trabalhava nas hortas, coletava raízes para a curandeira.
Em troca, recebia alimento e uma ilusão de pertencimento.
Minha primeira transformação foi solitária e brutal. A dor queimou meus ossos, estalou minha alma. E eu soube — não poderia mais viver entre humanos.
Então parti. Era noite, sempre era.
A escuridão me acompanhava como uma segunda pele.
Havia um chamado, uma força sutil me puxando.
Segui.
Achei que era