P.D.V de Kayla
O mundo ao meu redor é feito de névoa e sombras cintilantes. Tudo é suave, leve demais e ao mesmo tempo, cada batida do meu coração ressoa como um trovão distante. Estou flutuando. Ou talvez caindo.
Não sei.
Tudo está tão quieto aqui, mas dentro de mim. Queima. Uma dor antiga, selvagem, atravessa minha alma como lâminas de gelo e fogo. Quero gritar, mas minha boca não se abre. Meus membros não obedecem. Minha pele só arde.
— Por que... por que ainda estou aqui? — minha voz ecoa sem som. Nem sei se falei ou apenas pensei.
— Porque eu te mantive aqui. — diz a voz familiar, tão conhecida quanto a minha própria respiração.
Astéria.
A loba emerge da névoa com sua pelagem branca e brilho dourado e azul, ondulando como névoa líquida. Seus olhos — os meus olhos — estão brilhando, mas cansados.
Ela se aproxima e deita-se ao meu lado, me envolvendo como faria uma mãe com seu filhote. Sinto a energia dela tentando me proteger, me conter.
— Está doendo, Astéria — murmuro. — Algo me