Me sentia um verdadeiro fantasma, transitando de um lado para o outro, seguindo Elena. Mesmo eu sabendo que o fantasma ali, era ela. Não havia mais nenhum sinal de Brian pela casa, o que fez deduzir que o mesmo havia ido para sua empresa adorada. Na grande mansão, só havia Elena e os funcionários, que estavam ocupados demais em suas tarefas, para prestarem atenção na senhora daquela casa. Pelo menos, era o que parecia. Em determinado momento, não percebo quando Elena para de chorar e fungar, só me dou conta que ela havia trocado de roupa, quando passa rapidamente por mim, vestida em um dos seus vestidos floridos e seu cabelo solto. Seus passos eram largos e rápidos, e não precisei muito para concluir que ela estava indo de encontro a Jonah. Sentada no banco de trás do conversível branco, observo Elena dirigir, uma vez ou outra seus olhos iam para os espelhos retrovisores, como se estivesse suspeitando que alguém a estava seguindo. Pelos próxi
Num instante sentia que não estava em nenhum lugar e sim presa dentro de mim mesma, no outro, como um estalar de dedos, estava novamente no quarto, rodeada pelo silêncio. Um longo e perturbador silêncio. Meus olhos vagam pelo quarto mal iluminado, demoro para perceber Elena ainda deitada nessa cama, agora dando algum sinal de vidas. Ela ainda não estava morta. Continuo em pé na frente da cama, ciente que não poderia interferir e que estava ali para assistir. E somente isso. Elena se mexe na cama e geme de dor com o movimento. Seu corpo não voltou a ficar inertil, pelo contrário, ela continuou se mexendo, até conseguir rolar de lado e se sentar. Um gemido um pouco mais alto escapa de seus lábios e com dificuldade, liga o abajur ao lado. Sua respiração estava entre cortada, era como se a dor que estava sentindo, impedisse que respirasse normalmente. Ela olha para seus braços, notando ali manchas roxas profundas, espalhadas pela ext
Num momento já não estava diante de Jonah e Elena. E sim sendo atravessada por uma Elena bem melhor e com hematomas mais claros. Com o cenho franzido, a observo se movimentar ao redor da mesa redonda da varanda, enquanto a arrumava com o café da manhã. Solto o ar dos pulmões, tentando me encontrar naquela nova lembrança. Quanto tempo havia se passado?, me ouço perguntar na minha mente. Não muito tempo, já que os hematomas que estavam pelo corpo de Elena. E por que parecia que nada havia acontecido? Que ela só havia se machucado ou tido um acidente? Me senti confusa, isto fez com que eu me encostasse num canto da varanda e sem outra opção, começar a observar Elena, que neste momento já havia se sentado diante da mesa redonda, com um caderno de desenho e seu cappuccino de avelã. Estava concentrada, o que não era algo anormal. Seu cabelo não estava solto, como gostava, em ondas quase perfeitas, abaixo de seus ombros.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto, a medida que o desconforto cresce mais em minha garganta, chegando a fazer com que engasgasse e perdesse o fôlego. A sensação aumenta gradativamente, até que percebo que estou encarando o teto do que parecia ser de um quarto, sentindo as lágrimas que escorriam pelo canto dos meus olhos, enquanto sentia algo em minha garganta, comprido. Engasgo, com a sensação de vômito crescente em mim. É quando levo uma das mãos até a minha boca, notando ali uma espécie de tubo circular, aos poucos começo a puxá— lo para fora da minha boca, o sentindo se mover dentro da minha garganta, até que eu consigo o tirar de uma vez e uma forte ânsia de vomito me atravessa, o que faz eu perder o fôlego e quase vomitar. Quando recupero meu fôlego, minha garganta está doendo e me dou conta dos barulhos que estavam ao meu redor. Depois disso, percebo que há fios ligados ao meu corpo, não era um ou dois, era pelo menos meia dúzia, todos ligados às máquinas
— Come mais um pouco — Orienta minha mãe, quando pouso a colher de volta na tigela de sopa, pela metade, que a enfermeira havia deixado ali. Havia sido informada, pelos meus pais, que durante o tempo que estava dormindo, fui alimentada pela sonda e mesmo não estando acordada, sabia que não deveria ser algo muito agradável. Apesar de Louise acreditar que estaria com meu apetite renova, não foi bem como me senti; Não estava com fome e ver a comida diante de mim, não abria meu apetite, mesmo assim ela ainda conseguiu fazer com que desse quatro colheradas no líquido mas, na quinta colher, já tinha a sensação que se forçasse mais uma colher, vomitaria tudo.— Não quero mais — murmuro.— Você tem que comer, Rebeca — Ela faz questão de ressaltar — Ficou todo este tempo sem comer, agora mais do que nunca precisa comer algo. Olho para ela, inspirando profundamente, esperando que ela entendesse.— Não estou mais com fome, mãe.— Precisa comer mesmo sem fome.— Nã
Não sei explicar o alívio que senti, quando recebi alta e soube que iria colocar uma distância novamente entre eu e meus pais. Meu corpo ainda estava rígido, meus movimentos ainda não estavam completos. Era como se estivesse aprendendo novamente a andar e fazer simples movimentos. Louise a todo tempo, agora mais do que antes, ressaltava que precisava de cuidados mais do que nunca e que ficar numa cidade aonde não conhecia ninguém, não iria ajudar.— Você tem que voltar comigo para New York — diz ela, terminando de me arrumar, como se eu tivesse novamente cinco anos e estivesse prestes para ir para a escola. Todo aquele cuidado, todo aquela atenção, estava me irritando. Na verdade, desde o momento em que me dei conta que meus pais estavam em Rochester, isto já me irritou e eu já não sabia como lidar com isto, com eles. Ela penteava meu cabelo com um pouco de mais força do que o necessário, minha cabeça ia para trás contra a minha vontade e
Naquela noite, me vi contente em compartilhar uma refeição com Tyler e Beth. Tyler ainda estava sem acreditar que havia acordado e que estava ali, quase o tempo todo o pegava me olhando fixamente e sempre disfarçava quando eu olhava em sua direção. Ambos fizeram questão de fazer o jantar e senti naquele momento, como se estivesse sendo novamente a protagonista da minha vida. Já havia praticamente um plano já formado em minha mente, que colocaria em prática no dia seguinte. Entretanto, assim que acordo no dia seguinte, sem ajuda de um despertador ou de Beth que ainda dormia, me surpreendi ao pegar Tyler na cozinha preparando o café da manhã. Tyler se assusta ao me perceber em pé diante de dele, levando uma de suas mãos até o coração, perdendo o fôlego por um instante.— Céus, Beca — diz com um sorriso trêmulo no rosto — Não lembro de ser tão silenciosa — Me aproximo do balcão da cozinha, notando que o café da manhã que estava fazendo era bem elaborado. Alg
— Vim por este vídeo, falar diretamente com Sr. Harris, devido a entrevista que publiquei, sem a aprovação do meu chefe e até mesmo do mesmo. Não era da minha real intenção, agredir a imagem do CEO, não esperava que ir contra as regras, principalmente do meu próprio trabalho, fosse causar uma situação tão inadequada ao qual causei por ser irresponsável com as minhas palavras. Fui completamente infeliz em minha colocação, afirmando fatos que não são ao meu respeito ou a respeito dos leitores do jornal. Sabia que estava sofrendo, ainda pelo recente falecimento de sua esposa, Elena Mackenzie, como era conhecida em seu meio artístico e foi completamente inapropriado, mais uma vez, citar seu nome, mesmo sem ter ideia de como era seu casamento. Peço desculpas não somente à família Harris, mas por todos aqueles que se sentiram enojados e peço aos meus colegas de profissão, que aprendam com meu erro e tenham empatia. O vídeo que postei há uma semana, já tinha centenas de visualizaç