Mundo de ficçãoIniciar sessãoLucca Ferraro
Eu saí do quarto devagar, fechando a porta com cuidado, como quem encerra um capítulo precioso e precisa protegê-lo do barulho do mundo. O corredor ainda cheirava a madeira encerada e a chuva da noite, aquele frescor limpo que fica depois da tempestade. A cada passo, eu sentia o peso doce daquilo que deixei nos lençóis: nosso cheiro misturado, a paz nos traços dela, a lembrança da forma como minhas mãos mapearam o território do corpo de Clara.
Desci as escadas com a gravata impecavelmente ajustada e o paletó assentado nos ombros, ouvindo ao longe o vai-e-vem apressado das funcionárias. O relógio no pulso marcava pouco depois das oito, eu tinha reunião às 10:00, e, pela primeira vez em anos, a ideia do trabalho não parecia um refúgio nem uma fuga, apen







