Lucca Ferraro

A chuva tinha parado, mas o som dela ainda parecia ecoar dentro de mim. O quarto estava mergulhado num silêncio sereno, quebrado apenas pela respiração suave de Clara adormecida ao meu lado. A luz que entrava pelas frestas das cortinas criava desenhos na parede, listras douradas que cruzavam a cama, iluminando pedaços dela, pedaços de nós.

Por um longo tempo, fiquei apenas ali, imóvel, sentindo o peso leve do corpo dela sobre o meu peito. A pele ainda quente, o perfume misturado ao meu, o cabelo espalhado como seda sobre o lençol amassado. Havia uma paz quase sagrada naquele instante. Uma parte de mim queria não se mover nunca mais, queria permanecer preso àquele abraço, ao ritmo calmo da respiração dela, como se o mundo inteiro tiv