Clara Vasconcelos

Acordei devagar, como se meu corpo ainda flutuasse num lugar entre sonho e realidade. O ar estava morno, perfumado de chuva e do cheiro dele. Abri os olhos aos poucos, piscando diante da luz que filtrava pelas frestas da cortina, desenhando faixas douradas no lençol amarrotado.

Por um momento, não soube onde estava.

A mente ainda dormia, mas o corpo lembrava. Lembrava do toque, do calor, do peso dele sobre mim. Lembrava do som do meu nome sussurrado contra a pele. Lembrava da sensação de ter o coração disparando e, ao mesmo tempo, uma paz que eu nunca tinha sentido antes.

Demorei um pouco para me dar conta de que o outro lado da cama estava vazio. O lençol ainda guardava o formato do corpo dele, o traves