Clara Vasconcelos

O silêncio do meu quarto parecia maior do que deveria ser. Do tipo que respira comigo, que se move com meus pensamentos, que tenta me envolver para que eu não desabe de vez.

Eu ainda sentia o cheiro do perfume de Elena nos meus cabelos. Ainda sentia o toque das mãos dela no meu rosto, o abraço quente envolvendo meu corpo como se tivesse arrancado o chão embaixo dos meus pés apenas para me entregar outro, mais firme, mais seguro, mais… meu.

Eu nunca tinha sentido aquilo na vida.

A porta estava fechada, a janela entreaberta, e a luz da tarde entrava como uma carícia lenta sobre o chão de madeira. Me sentei na beira da cama e apoiei as mãos sobre as coxas, respirando fundo, tentando orga