Lucca Ferraro
Clara está deitada de lado, abraçada ao meu travesseiro, os cabelos negros espalhados pelo lençol branco como tinta derramada, formando um contraste quase poético. A cena parece uma pintura viva, dessas que aprisionam o olhar e silenciam o mundo ao redor. Um dos fios se curva sobre o ombro, outro repousa sobre o rosto, e por um instante fico imóvel, apenas observando.
O vestido que ela usa é leve, de tecido fino, quase translúcido, e carrega um tom de pêssego tão suave que parece capturar cada feixe de luz que escapa das frestas da cortina. As alças finas deixam à mostra os ombros delicados, e o tecido acompanha a curva do corpo com uma naturalidade que chega a ser perigosa, há uma beleza ali que não precisa de esforço, apenas existe. É uma feminilidade serena, mas impossível de ignorar.
Sento-me devagar na beira da cama, o colchão cedendo sob o peso do meu corpo, e fico olhando para ela. A respiração de Clara é mansa, compassada, o peito subindo e descendo num ritmo que