[Auren]
Ele acordou antes do despertador.
Não por hábito.
Por reflexo.
Os olhos abriram num sobressalto silencioso, o corpo já preparado para algum tipo de ruído, de ameaça, de batida na porta.
Nada.
Por alguns segundos, ouviu apenas o som mais improvável de todos naquele castelo: a própria respiração misturada à dela.
Céline dormia encostada em seu peito, a mão espalmada bem no meio do seu torso, o rosto parcialmente escondido pelo tecido da camisa que ele nem lembrava quando tinha tirado, aberto, puxado… Só sabia que, em algum ponto entre “fico” e o peso do cansaço o engolindo, o mundo lá fora tinha sumido.
Ali, no quarto, o silêncio era diferente.
Não era o silêncio armado dos corredores de vigia.
Era um silêncio cheio.
“Ela está pesada”, Fenrir comentou, sonolento. Não era reclamação. Era quase… conforto. “Mas a respiração dela acalma a nossa.”
Auren se permitiu algo raro: ficou parado.
Não levantou, não se soltou, não conferiu a hora.
Só observou.
Os cílios dela tremiam às vezes,