Clara
Paris tinha um cheiro diferente naquela noite. Era o cheiro da primavera misturado com o perfume do vinho, da pele de Jason e da promessa de algo que eu ainda não sabia nomear.
Depois de tantos altos e baixos, estávamos finalmente vivendo sem medo. Gabriel foi embora, Amélia também, finalmente. E nós… nos permitimos. Sem culpas, sem esconderijos.
Eu mantinha a floricultura, cuidava das flores e da paz que vinha junto com elas. A patinação voltou a ser meu refúgio — sem pressão, sem metas, apenas o que era: um tributo à minha mãe e à menina que eu fui um dia.
Jason continuava me olhando como se eu fosse arte. Me levava para jantares, fazia questão de me chamar de "minha mulher" para quem estivesse por perto. E eu sorria como uma boba toda vez que ouvia isso da sua boca.
Mas naquela noite, o jeito que ele me olhava era diferente. Estávamos no alto da Torre Eiffel. Um restaurante com vista para as luzes da cidade. Paris brilhava abaixo de nós como um cenário montado só para aquele