Clara
O despertador tocou às 7h, mas eu já estava acordada havia algum tempo. Observava o teto, ainda deitada, sentindo o lençol macio contra minha pele. Ao meu lado, Jason dormia profundamente, o peito subindo e descendo em um ritmo que, por si só, me acalmava.
Levantei com cuidado, tentando não acordá-lo, e fui direto para a cozinha. Preparei café com leite, cortei fatias de pão e coloquei algumas flores frescas no pequeno vaso em cima da mesa. As mesmas flores que colhi da estufa da minha floricultura no dia anterior.
Estava em paz. Não era uma paz silenciosa, sem conflitos — era uma paz com cicatrizes. Mas ainda assim, paz.
Mais tarde, fui para a pista de patinação. Vesti o collant, calcei os patins e respirei fundo. Era o mesmo lugar de sempre, mas eu não era mais a mesma.
Deslizei pelo gelo com suavidade. Sem metas, sem técnico gritando instruções. Apenas eu e minha respiração. A música tocava baixinho no fundo, e as lâminas cortavam o gelo com precisão. Fiz duas voltas, três sa