POV Zion Bellini
Minha mãe teve uma piora. Rápida. Agressiva. Mortal. O câncer que dormia no canto, de repente, acordou com sede de vingança. Porque a vida, essa filha da puta traiçoeira, gosta de jogar granadas onde a gente menos espera.
Quando recebi a ligação do hospital, corri como se pudesse vencer o tempo. Entrei no quarto dela ofegante. Ela estava magra demais. Cinza demais. Os ossos saltando da pele como uma prece silenciosa.
Ela me olhou. E sorriu.
— Você veio… — murmurou, a voz quebrada como porcelana antiga.
— Claro que eu vim. — peguei a mão dela, fria e frágil. — Eu sempre venho.
Ela fechou os olhos. Um suspiro longo, dolorido.
— Você… você não sabe de tudo, Zion.
— Mãe… agora não. Descansa.
— Não. — Ela apertou minha mão com uma força que parecia vir do além. — Eu preciso… eu preciso te contar antes.
— O quê?
Ela tossiu, e o som foi tão seco que doeu em mim.
— Eu destruí tudo. Não foi seu pai. Fui eu.
— O que você está dizendo?
Os olhos dela se encheram d’água.
— Eu traí