Alice Kim
Um mês.
Trinta dias e noites.
Desde a última vez que Zion dormiu em casa.
Ele não avisou. Não explicou. Só sumiu.
Volta de vez em quando, pega roupas, come alguma coisa jogada na geladeira e vai embora antes mesmo da luz da sala ser acesa. A gente divide o mesmo teto... mas não divide mais nada.
Nem palavras. Nem olhares.
Na empresa, é ainda pior.
Julian virou meu porto seguro no meio do caos. Me passou confiança, me deu espaço e, mais do que tudo, nunca cobrou nada. Enquanto isso, Zion só aparece nas reuniões obrigatórias do projeto. E quando aparece, é como uma sombra mal disfarçada de gente: calado, impassível, mas com os olhos sempre cravados em mim — como se, mesmo no silêncio, ele gritasse alguma coisa que eu não consigo traduzir.
Na faculdade, é raro a gente se cruzar. A não ser nas aulas conjuntas do projeto. E mesmo assim… a tensão é tanta que eu consigo sentir o ar ficando mais pesado só de entrar na sala.
Eu finjo que não sinto nada.
Finjo bem.
Melhor do que eu go