“O MISTÉRIO DO PONTO M”, misturando realidade com ficção, envolve o leitor desde as primeiras páginas com mistério e suspense. Uma equipe de pesquisa arqueológica parte com destino ao Pantanal Mato-grossense, em busca de outra equipe, desaparecida quatro anos antes, durante a descoberta de ruínas de uma cidade Inca. No mapa oficial da CIFEC – Central de Pesquisas Científicas, o local era apenas assinalado pelo ponto M. Durante a viagem, a equipe de resgate se vê envolvida com o narcotráfico e um assassinato, tornando-se a suspeita número um da Polícia Federal. Apesar do apoio do Coronel Comandante do Batalhão do Exército de Aquidauana, os integrantes não escapam das suspeitas. No entanto, o pior ainda está por vir. As ruínas da cidade Inca, local do desaparecimento da equipe anterior, estão envoltas num mistério. A equipe de resgate, na busca de pistas, encontra, em meio às ruínas, um túnel subterrâneo. Coisas estranhas acontecem neste túnel e, sem perceberem, os elementos do resgate viajam no tempo em função da decomposição da luz e da aceleração rotacional do planeta. A “quebra” da luz dentro do túnel separa a equipe, dividindo ainda mais o tempo de cada um. O líder da expedição e mais um elemento são transferidos para um mundo paralelo. O que aconteceu com a equipe anterior? Os elementos do resgate passam a ter dois problemas: encontrar os integrantes desaparecidos e reunirem-se novamente no mesmo espaço e tempo.
Ler maisAo Denildson Paoli,
meu grande amigo,
que partiu para o outro lado
antes do final desta aventura.
Esteja onde estiver
"FUMEMOREMOS" o nosso sucesso.
Ao meu filho
Leandro Bueno
e à minha mãe
Therezinha Carline Bueno,
por terem me incentivado
e me cobrado cada
capítulo.
PARTE I
Três de julho de l990. 07:25h. Uma equipe da CIFEC - Central de Investigações de Fenômenos Científicos, estava partindo para uma Expedição em Mato Grosso do Sul, na região Centro-oeste do Brasil. Em l986, portanto quatro anos antes, dois elementos dessa equipe haviam integrado outra equipe que, após dez anos de pesquisas, encontrara as ruínas de uma cidade supostamente Inca. Nos mapas enviados pela equipe à CIFEC, o local era assinalado como ponto M.
Quando Ramon Karline e Willdson Capolli retornaram à Central em julho de l986, deixaram instruções à uma equipe de cinco homens para darem início às primeiras escavações.
Agora, os trabalhos seriam lentos e demorados, e teriam de ser feitos na mais alta confidencialidade. Assim, com uma equipe pequena, não seriam levantadas suspeitas.
— Espere um pouco Fredy, você está me dizendo que as últimas informações que a CIFEC tem da equipe que integrava o projeto INCA, são as que nós trouxemos há quatro anos?
Ramon fez a pergunta com uma certa indignação na voz. Fredy balançou a cabeça positivamente.
— Eu sei que parece loucura, mas... não tínhamos como levantar dados.
Disse isso ao mesmo tempo em que se levantava de sua poltrona presidencial.
— Mas, e os arquivos?! - exclamou Willdson, aproximando-se da mesa de Fredy.
— Durante a instalação do vibrador intra-molecular, houve um incêndio no arquivo. Aconteceu logo que vocês partiram para a África do Norte, continuou Fredy. Os cabos estavam passando provisoriamente naquela sala. A chave geral estava desligada para evitar qualquer problema até que o serviço fosse concluído. No entanto, o segurança, durante a sua ronda noturna, inadvertidamente, ligou a chave para acender as luzes. Um curto circuito foi suficiente para iniciar o fogo. O sistema de combate a incêndio foi acionado rapidamente, mas as informações que ainda não haviam sido passadas para o computador foram todas perdidas.
Ramon, com um barulho surdo, esmurrou os braços da poltrona na qual estava sentado, ao mesmo tempo em que, colocando-se em pé, iniciava um vai e vem pela sala do presidente da CIFEC.
Willdson sentou-se na ponta da mesa presidencial, acendeu um cigarro, colocou o maço sobre a mesa e refletiu longamente enquanto expirava fumaça pelo ambiente.
Ramon virou-se bruscamente para Fredy. De costas, Fredy contemplava a paisagem da janela de seu décimo segundo andar como que esperando a próxima pergunta.
— Vamos ver se eu entendi, senhor presidente. Você está me dizendo que depois que o Will e eu voltamos do Ponto M, em 86, a equipe do projeto INCA não enviou mais nenhuma informação?
Ramon poderia repetir essa pergunta umas mil vezes antes de aceitar a resposta.
— Não posso entender, continuou Ramon em tom de descrença. O Alexandre era um cara experiente! Por pior que fosse a sua situação, ele jamais deixaria de achar uma saída...
— Além disso, interrompeu Willdson, ele era Engenheiro de Comunicações...
—... e saberia consertar um rádio em quaisquer circunstâncias, acrescentou Ramon voltando a sentar-se em sua poltrona.
Sem levantar a cabeça, Willdson balbuciou alguma coisa que fez com que Fredy se voltasse para ele tentando entender a pergunta.
Willdson, na mesma posição, impassível, repetiu a pergunta, agora num tom um pouco mais alto.
— Por que ninguém nos comunicou?
Fredy sentou-se novamente. Agora foi ele quem acendeu um cigarro. Tragou demoradamente, soprou a fumaça e respondeu como que se redimindo da culpa.
— Vocês estavam em uma missão vital para a CIFEC na África do Norte. E vocês sabem muito bem, continuou, que nada poderia atrapalhar. Nada.
Ramon, sem dizer uma palavra, levantou-se e caminhou até a porta. Willdson limitou-se a segui-lo com o olhar.
Abriu a porta e, antes de sair, virou-se para o presidente, que, estático, contemplava os seus movimentos e disse em meio a um sorriso esboçado pelo canto da boca:
— Depois de quatro anos, o que você espera que encontremos lá? Talvez tenhamos sorte se encontrarmos um punhado de ossos.
A equipe retornou à Central. Marcos, eufórico, foi ao encontro dela. Ramon agradeceu ao irmão pela força.— Obrigado, mano. Sem você acho que não teríamos conseguido nem chegar lá.— Que isso, Ramon, eu não fiz nada. Apenas segui suas orientações.Tudo foi contado em detalhes, mas Ramon não queria falar em sucesso. No seu conceito, havia perdido grandes homens e dentre eles o seu grande amigo.Fredy condecorou a todos, incluindo, é claro, seu Diretor Técnico Marcos, e deu a eles uma semana de folga. Antes, porém, reuniu-os em sua sala e propôs um brinde.Enquanto todos erguiam suas taças de champanhe para o brinde, Ramon viu algo tomando forma na mesa do presidente. Aproximou-se e, sob os olhares dos amigos que observavam estáticos o resultado, largou a taça de champanhe e apanhou o que, sobre a mesa, acabar
A noite transcorreu normalmente e Carlos já estava entretido na sua tarefa matinal. Ramon fizera o turno anterior e voltara a dormir. De repente, em meio ao sono, foi surpreendido por Carlos. — Ramon, Ramon! Acorde! Tem alguma coisa estranha aqui! Ramon, num sobressalto, agarrou sua automática e saiu rapidamente da barraca. Mesmo com os olhos embaçados pelo sono, ainda teve tempo de ver algo se formando no centro do acampamento. — Chame os outros, disse a Carlos. Acho que temos visita. Em poucos segundos o corpo estava completo. Era um homem calvo, barbudo e com as vestes sujas e esfarrapadas. Ramon se aproximou. O homem recobrou os sentidos, levantou a cabeça e sorriu ao mesmo tempo em que deixava transparecer sua incredulidade. Além das roupas em trapos, apenas uma lupa na mão direita. Ramon tentou reconhecer o rosto diante de si, mas não foi preciso. O visitante se apresentou. — Sou eu, Ramon! Sou eu! Júlio Gobby! O Julião, cara! Eu
Ramon foi o primeiro a recobrar a consciência. Todos estavam próximos. Olhou à sua volta e, enquanto os demais se recuperavam, checou os integrantes da equipe. — San? San? Meu Deus! Onde você está? Olhou desesperadamente à sua volta à procura do amigo. — Não adianta procurá-lo, retrucou o Sargento levantando e batendo instintivamente a poeira. Ele soltou o mosquete no momento da transição. Ramon sentiu um aperto no coração. — Que Deus tenha piedade dele, murmurou com lágrimas nos olhos. Em seguida, respirou fundo, como se quisesse ter certeza de que o ar era real. Todos observaram o chefe com profundo pesar. Carlos baixou a cabeça imaginando o destino do amigo Will. Em seguida, Ramon agachou-se lentamente e apanhou um punhado de terra. Abriu um largo sorriso e soltou a poeira ao sabor da brisa. — Estamos em casa, pessoal! Estamos em casa! — Iuupiiii!!! Gritaram todos a uma só voz. Os equipamentos estavam todos lá e a ba
A nova equipe de Willdson estava pronta para entrar no túnel. Willdson parou por um instante antes de iniciar o trajeto. Instintivamente, olhou no canto superior direito da entrada. Lá estava seu relógio marcando dia e hora. Não poderia removê-lo e sabia disso. — Que horas tem, Carlão? — 14 horas e 54 minutos. Willdson calculou rápido. Estava certo em suas deduções. A diferença era de 5 horas e 4 minutos aproximadamente. — Vamos embora, pessoal! — Espere! pediu Alexandre. Deixe-me olhar mais uma vez pra “esse mundo”. Afinal, foram quatro anos... Alexandre subiu dois degraus da entrada do túnel. — Vamos, Alexandre! Não temos muito tempo. — Calma, San! Tem alguma coisa estranha acontecendo! Os outros subiram os degraus rapidamente. Em meio às folhas do chão que forravam o acampamento, alguma coisa começava a se formar do nada. Tinha a forma arredondada. — Meu, Deus! exclamou Alexandre. Parece um homem tota
Ramon apressou-se. Apesar do coração apertado por deixar Henrick, sabia que, pelo menos, ele estaria num tempo normal e encontraria toda a sua realidade de uma forma ou de outra. — Seja o que Deus quiser! exclamou ao penetrar no túnel. A corrida era contra o tempo, literalmente. Sem ligar a lanterna do capacete iniciou a caminhada. Os olhos bem abertos observavam cada detalhe. Olhou para o relógio, pois sabia que era a sua mais importante fonte de referência. Pela primeira vez notou que uma leve coloração invadia o ambiente a cada passo. Talvez não tivesse percebido isso na vinda por estarem sempre com as lanternas acesas. Com 11 minutos e 15 segundos de caminhada a passos constantes, percebeu um leve flash ultravioleta. Com 22 minutos e 30 segundos o fenômeno se repetiu na cor azul. Descobriu dessa forma que o tempo dobrava a cada quebra de zona da luz. Ela se decompunha em relação à rotação da Terra. Teria de chegar na zona do vermelho. Se tivesse sorte, en
Carlos ficou estático. Fosse quem fosse era bem real. Imobilizado como estava, não tinha nada a fazer a não ser aguardar os próximos acontecimentos. De bruços e jogado ao chão, Carlos não conseguia ver quem o aprisionara. Contudo, não demorou muito para que a surpresa tomasse conta dele. — Sargento! Corre aqui! gritou o homem que o aprisionara. Carlos ficou atônito. Teria voltado ao tempo normal? Seriam homens do exército? O tal Sargento chegou e ajudou o companheiro a levantar Carlos. Carlos, por sua vez, agora em pé, encarou o homem diante de si: cabelos sujos e compridos, com uma calva na parte superior. A barba longa e as roupas esfarrapadas como se não tomasse banho há semanas. Era realmente uma imagem degradante. Na mão, apontando para o seu peito, uma automática 9 milímetros. Enquanto isso, o outro, de aparência semelhante, desarmara-o e pedia que ele andasse. Carlos mencionou dar o primeiro passo, mas teve oposição. O tal Sarge
Último capítulo