O Peso do Silêncio
O vento soprava suave naquela manhã, carregando o perfume doce dos jasmins que cercavam o pequeno túmulo improvisado. Eu a observava de longe, como fazia todas as manhãs desde que construí aquele santuário para Helena. Ela estava ajoelhada, os cabelos escuros caindo como um véu ao redor do rosto pálido. Em suas mãos, um pequeno buquê de flores brancas. Ela falava baixinho, quase como se estivesse contando um segredo a alguém invisível.
Meu coração pesava no peito. Aquele lugar era uma mentira. Uma mentira que eu mesmo construí para manter Helena firme, para que ela tivesse algo a que se agarrar. E, ainda assim, não conseguia me arrepender. Ela precisava daquele espaço, daquele pedaço de terra, para soltar um pouco da dor que a consumia por dentro.
Dei um passo para trás, pronto para deixá-la sozinha com suas palavras e suas lágrimas, mas ela me viu.
— Antônio... — chamou, a voz frágil, quase um sussurro.
Me aproximei devagar, com cuidado, como se qualquer movimento