Luara
Fiquei paralisada, sem entender o que aquele vampiro queria comigo. — Por favor soberano, perdoe minha filha — minha mãe implorou, a voz embargada. — Se me permite a pergunta soberano, o que fará com minha irmã? — Lívia perguntou, sua voz carregada de uma estranha curiosidade. — Irei me alimentar dela por uma semana. Esse será seu castigo. Olhei para aquele vampiro incrédula. Ele achava que ia sugar meu sangue? Meu sangue lindo, cheiroso e delicioso? Era só o que me faltava! Vi o sorriso enorme de Lívia, imaginei que ela adoraria estar no meu lugar. — Acho que é o mínimo que ela me deve. Assim aprende a respeitar seu soberano. — Eu entendo. Se me permite, gostaria de implorar para que não a machuque. — minha mãe diz. — Não se preocupe doutora, sua filha voltará inteira. Agora saiam! Antes de sair, minha mãe me olhou com pesar e minha irmã fez um joinha com os dedos. — Seja forte querida. "Seja forte, era só isso que ela tinha a me dizer. Ela deveria estar gritando, ameaçando enfiar uma estaca de madeira no coração desse vampiro!" "Uma estaca no meu coração não iria me matar, criança." "Sai da droga da minha cabeça!" Olhei irritada para aquele vampirão, não é porque ele era o todo poderoso que eu ia deixar invadir minha mente. — Dimitri, leve a criança até o quarto. "Criança é a puta que te pariu!" "Realmente, minha mãe era uma puta." — Quer parar de invadir a privacidade da minha mente? — Como ousa falar assim com seu soberano? — Dimitri rosnou. — Deixe Dimitri, a criança ainda aprenderá a obedecer. Decidi ficar calada, tinha que controlar minha boca e agora a droga da minha mente também. — Como quiser soberano. Vamos humana, siga-me. "Prepare esse pescocinho, mais tarde irei me alimentar. Até mais, criança." Irritada com a audácia daquele vampiro, segui Dimitri, que me levou até uma escadaria enorme. — Eu vou ter que subir tudo isso? — Sim. — Não tem uma escada rolante ou elevador? — Não. — Isso tem o que, uns trezentos degraus? — Humana irritante, cale-se. Subi em silêncio, devagar, parando para respirar. Graças a Deus estava chegando ao topo. Vi a vampira gata, Kalíope. Ela estava saindo de um quarto. — Como chegou aqui tão rápido? Você estava lá embaixo com o conde. Sei que vampiros têm super velocidade, mas não reparei que tinha nos ultrapassado na escada. — Subi pelo elevador, humana. Olhei irritada para Dimitri, ele me fez subir tudo aquilo. — Você disse que não tinha elevador, seu mentiroso. Senti o impacto ao ser jogada contra a parede. Comecei a ficar sem ar, as mãos de Dimitri apertavam meu pescoço. — Nunca mais se refira a mim dessa forma humana. Eu sou seu senhor, sou o terceiro em comando, exijo respeito. Não sou seu amiguinho para ser tratado como um, então comece a aprender a tratar seus superiores da forma certa, ou se arrependerá. Com dificuldade para falar, apenas acenei com a cabeça. Ele me soltou e voltei a respirar normalmente. — Kalíope, leve a humana até seus aposentos, perdi a paciência. — Não diga, nem tinha percebido. Espero que o conde não se irrite por você machucar seu novo brinquedinho. — Não a machuquei, apenas deixei claro como ela deve se referir a nós. — Siga-me, humana. Segui Kalíope, ainda assustada. Tinha que controlar meu linguajar, esses vampiros não eram amigáveis. — Desculpa pelo Dimitri, ele não é o mais paciente de nós. Mas ele tem razão, aprenda a nos respeitar da forma correta. Somos três no poder, Dimitri é o terceiro no comando, deve chamá-lo de "meu senhor" ou "mestre". Eu sou a segunda, deve se referir a mim da mesma forma. Eros é nosso senhor supremo, deve sempre se referir a ele como "conde" ou "soberano". — Entendi, me perdoe mestre. — Leia o livro, não estaria aqui se tivesse lido. Lá vai encontrar tudo sobre a origem do conde e como deve tratar a todos nós. — Eu tenho que chamar todos os vampiros de mestres? — Que barbaridade está falando, os servos são apenas servos. — Entendi, mestre. — Leia, humana. Vai entender tudo e ficará longe de confusão. Ela saiu e reparei melhor no quarto. Tudo muito sombrio e escuro. As janelas eram lacradas, iguais ao restante do castelo. Imaginei que fosse para não entrar nenhum tipo de luz solar. Ao lado da cama, um pequeno abajur estava aceso, e um livro ao lado chamou minha atenção. — O tal livro de boas-vindas. Decidi ler de uma vez. Afinal, não tinha nada melhor para fazer.