4- Ajoelhe-se diante do Conde

Luara

A primeira noite na casa nova passou voando, apesar de tudo. Confesso que achei tudo um pouco estranho, mesmo com a decoração feia, a cama era tão boa que eu queria ter ficado nela para sempre. Mas logo fomos chamadas para ir ao Castelo do Conde Eros. Não sei se estou ansiosa para conhecer o tal poderoso.

— Mãe, você viu meu medalhão? Não consigo achar. — pergunto preocupada, nunca me separo desse medalhão.

— Deve estar perdido na mudança, quando tudo estiver arrumado, você encontra. Estão prontas meninas?

— Sim, vamos logo, não podemos nos atrasar — minha irmã disse, e eu a encarei segurando o riso. Ela estava com um vestido cheio de lantejoulas.

— Lívia, fomos chamadas para conhecer um vampiro, não para ir a uma festa.

— Não é um vampiro qualquer, é o conde, o todo poderoso, o rei do submundo, o magnífico!

— Já entendi.

— Você devia ter se arrumado melhor. Que vergonha vamos passar, iremos conhecer o conde, não ir ao mercado.

Eu estava de short jeans e uma blusinha confortável. Queria aproveitar que era verão aqui na Romênia. Para mim, eu estava ótima, e é sobre isso.

— Sem brigas meninas. Lua, coloca pelo menos um salto.

— Estou ótima com meu tênis. Vamos logo, que o todo poderoso pode não gostar de atrasos.

— Ela vai nos fazer passar vergonha. Posso fingir que não a conheço?

— Quer morrer, pirralha?

— Já chega! Vamos meninas e parem de brigar.

Fomos olhando o mapa para achar o castelo. Sim, tinha um castelo no meio desse condomínio, e não foi difícil encontrar, já que ele ocupava uma boa parte do lugar. Era enorme e antigo, mas não era de se espantar, já que o chefão tinha mais de mil anos, só podia ser antigo.

— É maravilhoso, quando eu virar vampira, quero um castelo só para mim — minha irmã disse animada.

— Vira essa boca pra lá garota, ninguém da nossa família vai virar um morto-vivo — Não sei qual o problema da minha irmã, ela definitivamente não era normal.

Achei estranho não ver nenhum vampiro nas ruas, mas logo lembrei que era dia, e eles não saem por causa do sol.

— Por que nos chamaram de dia? O vampirão deve estar dormindo.

— Vampiros não dormem, sua burra.

— Como não? E os caixões?

— Isso é coisa de filme, tudo mentira. E antes que pergunte, eles não brilham no sol.

— Só falta me dizer que eles também não viram morcegos.

— Malditos filmes mentirosos! — ela saiu bufando de raiva. Não tenho culpa de ter passado a vida toda acreditando neles.

Subimos a escada do castelo, e as portas se abriram sozinhas. Senti que me puxaram para dentro e comecei a gritar. Logo estávamos dentro do castelo, as portas se fecharam e tudo ficou escuro.

A luz finalmente iluminou o lugar, e levei um susto com uma pessoa na nossa frente.

— Sangue de Jesus tem poder. Que susto!

— Olá, humanas. Eu sou Kalíope, a segunda no comando. Sigam-me, o conde está esperando. — A vampira era linda e tinha longos cabelos ruivos. Ela desfilava em saltos enormes e um vestido vermelho sangue.

Seguimos para uma sala enorme, e assim que as grandes portas se abriram, dei de cara com dois vampiros. Um deles estava sentado em um trono, isso mesmo, um trono.

"Ele acha que é o rei" — pensei.

— Sejam bem-vindas, humanas. Sou Dimitri, o terceiro no comando. Espero que tenham gostado da sua nova casa — um vampiro de cabelos loiros e compridos falou.

— Adoramos mestre, é uma honra ser aceita. Nem sei como pagar por essa chance — minha mãe disse.

— Trabalhando, é assim que nos pagará.

— Claro mestre, estou aqui para isso. Darei o meu melhor.

— Sabemos disso, você foi escolhida entre milhares por ser a melhor no que faz.

Sorri, orgulhosa da minha mãe. Ela era uma médica excelente, até os vampiros sabiam disso.

De repente, todos se calaram, e uma energia sinistra tomou conta do ambiente. O vampiro de cabelos pretos e mais curtos se levantou. Acredito que era o conde, pois estava sentado no meio e no maior trono. Ele tinha olhos azuis brilhantes, o que o diferenciava de todos os outros vampiros. Acho que ele era o único.

— Ajoelhe-se diante do conde — Kalíope ordenou.

— Isso é uma afronta — Dimitri disse.

Os três vampiros me olharam, e só então percebi minha família ajoelhada. Imediatamente me ajoelhei em reverência ao todo poderoso, tentei controlar minha risada.

— Qual a graça humana? — Ele estava falando comigo. Ai meu Deus, eu sabia que não ia conseguir segurar o riso.

Olhei para ele e tentei consertar minha gafe. Tinha que me comportar, só assim eles me permitiriam trazer Adrian.

— Não foi nada, estou apenas feliz em conhecer o soberano.

— Luara, sou conhecido por minha falta de paciência. Não tolero desrespeito em meu reino, e sim, eu sou o rei. Não me acho, eu sou!

"Que droga, ele ouviu meus pensamentos!" — penso.

— Eu não só ouço os pensamentos, como posso fazer coisas piores.

Senti uma dor de cabeça terrível e gritei.

— Piedade conde, ela é apenas uma jovem rebelde. Isso não vai acontecer de novo — minha mãe tentou me defender.

— Eu sou aquele a quem você deve obediência, minha criança. Nunca deixe de se ajoelhar em minha presença.

— Sim, mestre.

— Pelo amor de Deus Luara — Olhei para minha mãe, que me encarava em pânico. O que eu tinha feito dessa vez?

— Uma afronta atrás da outra — Dimitri voltou a falar.

— Como ousa me chamar de mestre. Creio que não leu o livro de boas-vindas.

— Perdão, eu não li.

Ele caminhou em minha direção, e senti meu sangue gelar.

"O que tinha naquela droga de livro que era tão importante para ser obrigada a ler?" — penso.

Minha cabeça doía ainda mais, e senti lágrimas caírem dos meus olhos.

— Naquela droga de livro, continha todas as informações e principalmente como deve nos tratar.

— Pare com isso, minha cabeça vai explodir!

— Lívia — ele chamou minha irmã, e ela olhou admirada para o vampirão.

— Pois não, soberano.

— Diga à sua irmã como deve tratar um ser superior.

— O primeiro no comando deve ser tratado sempre como conde ou soberano. O segundo e o terceiro como mestres. Sempre se ajoelhar em reverência ao soberano e levantar apenas com sua permissão.

— Onde você aprendeu sobre isso, Lívia?

— No livro de boas-vindas.

— E foi avisada sobre a obrigatoriedade de ler?

— Sim, nos disseram que era obrigação ler antes de encontrar o conde.

Olhei irritada para aquela Maria Sanguessuga.

— Eu estava cansada, fui dormir exausta. Tive que mudar minha cama de lugar, não gosto de camas perto de janelas.

— Levantem-se, estão liberadas e bem-vindas à brigada.

Elas fizeram uma reverência e tentei imitá-las, não queria mais confusão.

Assim que íamos saindo, senti minhas pernas pesarem e não consegui andar.

— Você fica, Luara.

Que droga!

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