Luara
A primeira noite na casa nova passou voando, apesar de tudo. Confesso que achei tudo um pouco estranho, mesmo com a decoração feia, a cama era tão boa que eu queria ter ficado nela para sempre. Mas logo fomos chamadas para ir ao Castelo do Conde Eros. Não sei se estou ansiosa para conhecer o tal poderoso. — Mãe, você viu meu medalhão? Não consigo achar. — pergunto preocupada, nunca me separo desse medalhão. — Deve estar perdido na mudança, quando tudo estiver arrumado, você encontra. Estão prontas meninas? — Sim, vamos logo, não podemos nos atrasar — minha irmã disse, e eu a encarei segurando o riso. Ela estava com um vestido cheio de lantejoulas. — Lívia, fomos chamadas para conhecer um vampiro, não para ir a uma festa. — Não é um vampiro qualquer, é o conde, o todo poderoso, o rei do submundo, o magnífico! — Já entendi. — Você devia ter se arrumado melhor. Que vergonha vamos passar, iremos conhecer o conde, não ir ao mercado. Eu estava de short jeans e uma blusinha confortável. Queria aproveitar que era verão aqui na Romênia. Para mim, eu estava ótima, e é sobre isso. — Sem brigas meninas. Lua, coloca pelo menos um salto. — Estou ótima com meu tênis. Vamos logo, que o todo poderoso pode não gostar de atrasos. — Ela vai nos fazer passar vergonha. Posso fingir que não a conheço? — Quer morrer, pirralha? — Já chega! Vamos meninas e parem de brigar. Fomos olhando o mapa para achar o castelo. Sim, tinha um castelo no meio desse condomínio, e não foi difícil encontrar, já que ele ocupava uma boa parte do lugar. Era enorme e antigo, mas não era de se espantar, já que o chefão tinha mais de mil anos, só podia ser antigo. — É maravilhoso, quando eu virar vampira, quero um castelo só para mim — minha irmã disse animada. — Vira essa boca pra lá garota, ninguém da nossa família vai virar um morto-vivo — Não sei qual o problema da minha irmã, ela definitivamente não era normal. Achei estranho não ver nenhum vampiro nas ruas, mas logo lembrei que era dia, e eles não saem por causa do sol. — Por que nos chamaram de dia? O vampirão deve estar dormindo. — Vampiros não dormem, sua burra. — Como não? E os caixões? — Isso é coisa de filme, tudo mentira. E antes que pergunte, eles não brilham no sol. — Só falta me dizer que eles também não viram morcegos. — Malditos filmes mentirosos! — ela saiu bufando de raiva. Não tenho culpa de ter passado a vida toda acreditando neles. Subimos a escada do castelo, e as portas se abriram sozinhas. Senti que me puxaram para dentro e comecei a gritar. Logo estávamos dentro do castelo, as portas se fecharam e tudo ficou escuro. A luz finalmente iluminou o lugar, e levei um susto com uma pessoa na nossa frente. — Sangue de Jesus tem poder. Que susto! — Olá, humanas. Eu sou Kalíope, a segunda no comando. Sigam-me, o conde está esperando. — A vampira era linda e tinha longos cabelos ruivos. Ela desfilava em saltos enormes e um vestido vermelho sangue. Seguimos para uma sala enorme, e assim que as grandes portas se abriram, dei de cara com dois vampiros. Um deles estava sentado em um trono, isso mesmo, um trono. "Ele acha que é o rei" — pensei. — Sejam bem-vindas, humanas. Sou Dimitri, o terceiro no comando. Espero que tenham gostado da sua nova casa — um vampiro de cabelos loiros e compridos falou. — Adoramos mestre, é uma honra ser aceita. Nem sei como pagar por essa chance — minha mãe disse. — Trabalhando, é assim que nos pagará. — Claro mestre, estou aqui para isso. Darei o meu melhor. — Sabemos disso, você foi escolhida entre milhares por ser a melhor no que faz. Sorri, orgulhosa da minha mãe. Ela era uma médica excelente, até os vampiros sabiam disso. De repente, todos se calaram, e uma energia sinistra tomou conta do ambiente. O vampiro de cabelos pretos e mais curtos se levantou. Acredito que era o conde, pois estava sentado no meio e no maior trono. Ele tinha olhos azuis brilhantes, o que o diferenciava de todos os outros vampiros. Acho que ele era o único. — Ajoelhe-se diante do conde — Kalíope ordenou. — Isso é uma afronta — Dimitri disse. Os três vampiros me olharam, e só então percebi minha família ajoelhada. Imediatamente me ajoelhei em reverência ao todo poderoso, tentei controlar minha risada. — Qual a graça humana? — Ele estava falando comigo. Ai meu Deus, eu sabia que não ia conseguir segurar o riso. Olhei para ele e tentei consertar minha gafe. Tinha que me comportar, só assim eles me permitiriam trazer Adrian. — Não foi nada, estou apenas feliz em conhecer o soberano. — Luara, sou conhecido por minha falta de paciência. Não tolero desrespeito em meu reino, e sim, eu sou o rei. Não me acho, eu sou! "Que droga, ele ouviu meus pensamentos!" — penso. — Eu não só ouço os pensamentos, como posso fazer coisas piores. Senti uma dor de cabeça terrível e gritei. — Piedade conde, ela é apenas uma jovem rebelde. Isso não vai acontecer de novo — minha mãe tentou me defender. — Eu sou aquele a quem você deve obediência, minha criança. Nunca deixe de se ajoelhar em minha presença. — Sim, mestre. — Pelo amor de Deus Luara — Olhei para minha mãe, que me encarava em pânico. O que eu tinha feito dessa vez? — Uma afronta atrás da outra — Dimitri voltou a falar. — Como ousa me chamar de mestre. Creio que não leu o livro de boas-vindas. — Perdão, eu não li. Ele caminhou em minha direção, e senti meu sangue gelar. "O que tinha naquela droga de livro que era tão importante para ser obrigada a ler?" — penso. Minha cabeça doía ainda mais, e senti lágrimas caírem dos meus olhos. — Naquela droga de livro, continha todas as informações e principalmente como deve nos tratar. — Pare com isso, minha cabeça vai explodir! — Lívia — ele chamou minha irmã, e ela olhou admirada para o vampirão. — Pois não, soberano. — Diga à sua irmã como deve tratar um ser superior. — O primeiro no comando deve ser tratado sempre como conde ou soberano. O segundo e o terceiro como mestres. Sempre se ajoelhar em reverência ao soberano e levantar apenas com sua permissão. — Onde você aprendeu sobre isso, Lívia? — No livro de boas-vindas. — E foi avisada sobre a obrigatoriedade de ler? — Sim, nos disseram que era obrigação ler antes de encontrar o conde. Olhei irritada para aquela Maria Sanguessuga. — Eu estava cansada, fui dormir exausta. Tive que mudar minha cama de lugar, não gosto de camas perto de janelas. — Levantem-se, estão liberadas e bem-vindas à brigada. Elas fizeram uma reverência e tentei imitá-las, não queria mais confusão. Assim que íamos saindo, senti minhas pernas pesarem e não consegui andar. — Você fica, Luara. Que droga!