CRISTINA SANTIAGO
A figura em minha frente estava diferente, o cabelo, antes brilhante e perfeito, agora estava escuro, oleoso e cortado de qualquer jeito na altura do queixo. As roupas de grife tinham sido substituídas por um moletom cinza surrado e jeans largos. Mas aqueles olhos eram inconfundíveis, mesmo afundados em olheiras profundas de quem não dormia em paz há meses.
— Miranda? — sussurrei, o choque sendo tão violento que senti minhas pernas fraquejarem.
Ela sorriu, e o movimento repuxou uma cicatriz fina que corria do canto da boca até o queixo.
— Surpresa, queridinha — ela sibilou, apertando meu braço com uma força surpreendente para alguém que parecia tão magra.
— Você... você morreu — gaguejei, minha mente tentando processar a informação. — Ethan me disse...
— Ah, o carro? — ela riu, um som seco e sem humor. — É óbvio que eu fingi, sua idiota. Você acha que eu ficaria parada esperando o seu marido psicopata me apagar do mapa como ele fez com os outros? Eu tive que sumir.