CRISTINA SANTIAGO

Uma hora depois, estávamos no shopping.

Era estranho estar no meio da multidão. Eu me sentia como uma alienígena que tinha acabado de pousar na Terra. As pessoas andavam apressadas, falavam ao celular, riam, brigavam. A vida era tão... comum. Muito diferente da bolha silenciosa e luxuosa da mansão Petterson.

Rosália me arrastou para uma loja de departamentos, ignorando as boutiques de grife.

— Bebês cospem, fazem cocô e crescem rápido — ela decretou, pegando um pacote de bodys brancos simples. — Não precisamos de Versace para vomitar leite.

Eu ri, pegando as roupinhas. O algodão era macio. Eram tão pequenas. Minúsculas.

A realidade de ter um filho me atingiu novamente. Eu ia ser mãe. Em quatro meses, haveria um ser humano dependendo de mim. Um menino.

Caminhamos pelos corredores e peguei um macacãozinho azul com estampa de dinossauros.

— O que você acha? — mostrei para Rosália.

— A cara dele — ela aprovou.

Enquanto eu passava a mão pelas roupas, minha mente, traidor