O Ceo que me Amou
O Ceo que me Amou
Por: Luna Castilho
Logan

Logan narrando

Tem gente que acha que estar no topo é ter tudo. Carros, viagens, prêmios, reconhecimento. talvez pareça assim para quem vê de fora. Mas, para mim, o topo sempre foi um lugar frio. Silencioso. Solitário. Um lugar onde você aprende, cedo ou tarde, que nada do que você possui pode preencher o vazio que insiste em existir dentro de você.

Meu nome é Logan Moretto, tenho quarenta e dois anos e sou CEO da Moretto Corp., uma das maiores empresas do país. O mundo dos negócios me conhece como referência, já estampei capas de revistas, participei de conferências internacionais, fui premiado mais vezes do que consigo lembrar. Dizem que sou implacável. E talvez seja mesmo. Quando você perde tudo o que importa, acaba aprendendo a não deixar nada escapar.

Perdi minha esposa, Catherine, há dez anos. O amor da minha vida. A única mulher que conseguiu me ver por dentro.

Ela descobriu um câncer já em estágio avançado. Foi rápido demais. Rápido demais para qualquer esperança, para qualquer tratamento eficaz. Eu ainda lembro da última noite que passamos juntos no hospital, o jeito como ela apertou minha mão e me pediu para não parar de viver. Ironia, porque foi exatamente isso que aconteceu: eu continuei respirando, mas viver, não.

Desde então, nunca mais me interessei por ninguém. Não foi por falta de oportunidade. Mulheres se aproximaram, algumas de forma sutil, outras escancaradas. Mas nada mexia comigo. Nada despertava aquela sensação de estar vivo. Eu me tornei um homem de poucos amigos, quase nenhum círculo social. Meus dias são escritório, reuniões, viagens a trabalho e, quando a noite chega, um apartamento grande demais para mim, vazio demais para meus pensamentos.

Meus únicos momentos de descontração são com Nicholas, meu amigo mais antigo, e Edward, meu braço direito na empresa. Fora isso, meu tempo é medido por prazos e lucros. E, de certa forma, isso sempre me serviu. Trabalhar é mais fácil do que sentir. Trabalhar não exige que você enfrente feridas antigas que ainda doem. Trabalhar não exige que você se arrisque a confiar em alguém que possa desaparecer da sua vida da noite para o dia.

Essa manhã começou como qualquer outra. Café preto, agenda lotada, reuniões consecutivas, mensagens urgentes, telefonemas de clientes internacionais, relatórios intermináveis. Meu papel como CEO exige decisões rápidas e frias, e é nisso que sou bom. Mas, naquele dia, uma pequena necessidade administrativa surgiu: contratar um assistente para um dos departamentos. Geralmente, deixo isso para o RH. Não faz sentido eu me envolver em processos seletivos para funções que não respondem diretamente a mim.

Mas algo mudou naquele dia.

Eu estava indo para uma reunião com o conselho quando passei pelo corredor onde ficam as salas de entrevista. O som abafado de vozes vinha da sala de espera, e por algum motivo, olhei para dentro.

Foi quando a vi.

Ela estava sentada em uma das cadeiras de couro, com uma pasta de plástico no colo. O rosto era delicado, mas marcado por algo que não era cansaço físico, era o peso da vida. Havia algo nela que chamava atenção sem esforço: postura firme, olhar alerta, um cuidado em manter a compostura apesar do nervosismo que tentava esconder. Olhares julgadores vinham de todos os lados, mas ela não se intimidava. Tentava organizar seus papéis com precisão, com mãos levemente trêmulas, mas decididas.

Não sei explicar, mas algo me prendeu ali. Talvez fosse o contraste entre a fragilidade daquela cena e a força que eu via nos olhos dela. Uma força silenciosa, do tipo que não pede ajuda, mas que mesmo assim carrega o mundo nos ombros. Um tipo de força que eu reconhecia, porque sempre admirei aqueles que sobrevivem apesar das circunstâncias.

E aí, algo dentro de mim se mexeu.

Eu não sou homem de agir por impulso. Meu trabalho exige lógica, estratégia e análise. Cada passo que dou é calculado, cada decisão ponderada. Mas, naquele instante, percebi que queria saber mais sobre ela. Quem era? O que fazia ali? Por que estava naquele processo seletivo? Por que, entre tantos candidatos, minha atenção havia parado justamente nela?

O mais estranho é que não havia pena na minha curiosidade. O que senti foi respeito. Admiração. Talvez até identificação. Porque sei como é enfrentar a vida de frente, mesmo quando parece que ninguém está ali para segurar sua queda. E, por algum motivo que ainda não compreendia, eu precisava conhecê-la. Precisava entender o que a movia.

Continuei andando, mas minha mente já estava decidida: eu participaria daquela seleção.

Entrei na sala de RH e pedi para ver a lista dos candidatos. Meu pedido causou surpresa, eu nunca fazia isso. Vi o nome dela: Sophia Torres. Vinte anos. Nenhuma experiência formal recente, apenas trabalhos temporários e, antes disso, algo como recepcionista. Um currículo modesto, mas havia algo ali que papel nenhum poderia mostrar. Algo que minha intuição dizia que era importante.

Pedi que mudassem o formato da seleção. Eu faria as entrevistas pessoalmente. Claro, não revelei o motivo. Apenas disse que queria avaliar o perfil humano do candidato, não apenas o técnico.

Enquanto a equipe reorganizava tudo, percebi que, em dez anos, era a primeira vez que algo me despertava um interesse genuíno fora do mundo dos negócios.

Não era interesse físico, embora fosse impossível não notar sua beleza. Não era apenas curiosidade profissional. Era algo mais profundo. Uma necessidade quase instintiva de garantir que ela estivesse segura, de alguma forma. Um impulso que não tinha lógica, mas que, por algum motivo, fazia sentido dentro de mim.

Eu sei que posso parecer arrogante. Muita gente pensa que CEOs se acham salvadores do mundo. Mas a verdade é que, quando você tem recursos e poder, começa a perceber que pode fazer algo de concreto por algumas pessoas. E, olhando para Sophia, senti que ela era uma dessas pessoas.

Voltei ao corredor antes da primeira entrevista e, discretamente, observei mais uma vez. Ela respirava fundo, segurando a pasta com firmeza, pronta para enfrentar o que viesse. Não havia encenação ali. Era força pura, do tipo que não se vê com frequência. Um tipo de força que desafia a própria vida e insiste em caminhar apesar de tudo.

E foi aí que entendi: não existia nada que mexesse mais com meu coração do que uma mulher forte lutando pela própria vida. Nada que despertasse tanta atenção e respeito em mim quanto sua coragem silenciosa.

Quando meu nome foi chamado para começar as entrevistas, respirei fundo. Eu estava prestes a quebrar uma das minhas próprias regras: não me envolver pessoalmente nas contratações de cargos que não me dizem respeito. Mas, naquele dia, não importava.

Porque, pela primeira vez em uma década, algo me dizia que esse encontro não era coincidência. Algo dizia que Sophia Torres não era apenas mais uma candidata. Ela era alguém que mudaria a forma como eu via o mundo, mesmo que eu ainda não entendesse completamente como.

E naquele momento, percebi que o topo, por mais frio e solitário que fosse, poderia finalmente se aquecer com a presença de alguém que carregava o próprio mundo nos ombros, sem pedir ajuda, mas deixando transparecer que, às vezes, todos precisamos ser vistos.

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