Capítulo 33 — A Neve e o Beijo
A pedra fria nas minhas costas parecia sugar cada resquício de calor que ainda restava em mim. Os dentes batiam sozinhos, sem controle, e minhas mãos tremiam até quando eu tentava escondê-las sob os braços. O fogo improvisado que arrisquei acender se apagava a cada rajada de vento que atravessava a entrada da caverna.
Alastair me observou por tempo demais. O olhar dele nunca era só observação — era sempre cálculo. Então, sem dizer nada, retirou a capa pesada dos ombros e jogou-a sobre mim. Eu ia recusar, pronta para cuspir uma resposta afiada, mas antes que abrisse a boca, ele já desatava as amarras da própria túnica, largando o tecido no chão.
— O que está…? — comecei, mas o resto da frase morreu quando ele me puxou com força contra o peito.
A primeira reação foi de pura rigidez. Meus músculos travaram, e quis empurrá-lo. Mas o calor dele se infiltrou como fogo pela neve, e meu corpo cedeu ao instinto de sobreviver. O cheiro de ferro e couro impregna