Capítulo 32 – A Sobrevivente
O caminho estreito rangia sob as botas, a neve acumulada denunciando cada passo como um estalo abafado. Melissa tropeçava à minha frente, arrastada pelos guardas. Sangue escorria de um corte na testa, manchando-lhe o rosto que antes tentara sustentar uma máscara de doçura. Agora não passava de uma mancha patética de medo.
Parou diante da beira do penhasco, apontando com a mão trêmula.
— F-foi aqui… — a voz saiu em soluços, mais fraca do que o vento que cortava nossas peles.
Olhei para o abismo. O vazio devolveu meu olhar com silêncio. O lugar onde ela ousou lançar minha Duquesa. Os punhos cerraram-se até a dor nos nós dos dedos latejar. A fúria não era só contra Melissa. Era contra a própria rocha que se curvara ao capricho de um inseto.
Virei-me de súbito. Um único golpe. O dorso da minha mão atingiu o rosto dela com força suficiente para projetá-la contra as pedras. O estalo seco ecoou, seguido do grito agudo que se perdeu na garganta. Sangue escorre